terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A EXISTÊNCIA DE DEUS: Argumento Ontológico (PARTE 2)




                                                   APOLOGÉTICO DO EVANGELHO
                                                                Pb. Joedson Silva
                                         


                                           A EXISTÊNCIA DE DEUS: Argumento Ontológico (PARTE 2)

                    Quando as provas da existência de Deus é ordenadas, relacionadas e diferenciadas é possível separá-las como argumentos a priori e argumentos posteriori. Segundo Kant o conhecimento a priori é aquele que logicamente independe  de uma fato de experiência; o conhecimento a posteriori é aquele que depende da experiência. Para os escolásticos as demonstrações a priori é aquelas que concluíam do ontologicamente anterior, como a causa para o posterior efeito, ou como a natureza para suas propriedades. Inversamente refere a demonstrações a posteriori, quando aquelas  que concluíam do ontologicamente posterior, como a propriedade e o efeito para a natureza ou causa.

   
                As provas a posteriori da existência de Deus é consideradas viáveis, se estruturam com a alegação de um fato concreto, interpretado em função de princípio geral; através deste princípio, o fato reclama uma explicação que se dá mediante a aceitação de uma razão - DEUS. A  mais conhecida das provas a posteriori é a de Tomás de Aquino, as cinco vias; depois tratarei das provas a posteriori.
         A prova a priori da existência de Deus se estabelece em uma consideração de conceitos, sem base em fatos a explicar. O argumento ontológico para a existência de Deus é uma razão a priori que procura provar a existência de Deus usando a razão única, provando com um silogismo, isto é, apenas com a intuição e a razão.
          O argumento ontológico foi elaborado pela primeira vez pelo filósofo medieval  Avicena (980 - 1037); seu nome é Ibn Sina, foi  filósofo e  médico persa , considerado o maior filósofo islâmico do período. Ele procurou relacionar as doutrinas de Platão e Aristóteles; utilizou-se  das ideias aristotélicas para provar a existência de Deus declarando que Nele   ( Deus) a existência e a essência são iguais; sendo que, Deus é igual à sua essência e fonte do ser de outras coisas.
          Em sua metafísica, Deus é um ser necessário; ele aborda a diferença entre a existência e essência das coisas, argumentando que a forma e a matéria não pode interagir sozinhas e por conta própria gerar o movimento, que segundo ele é o fluxo vital do universo, nem gerar a própria existência.
          A existência tem origem em uma causa que necessariamente coloca em relação a essência e a existência, somente dessa forma a causa das coisas que existem podem coexistir com os efeitos. Segundo uma análise ontológica da modalidade do ser ele solucionou o problema da essência e dos atributos do mundo que ele subdivide em três tipos: impossibilidade, contingência e necessidade.
           1. O ser impossível é aquele que não existe.
           2. O ser contingente é o que tem necessidade de uma causa externa a si para existir.
           3. O ser necessário é único e reflete a sua essência e tem a capacidade de gerar a primeira inteligência., depois a segunda, e depois a terceira, dando continuação a todas as inteligências. O ser necessário é a causa somente da primeira inteligência e as outras são resultados indiretos desta. Esse ser necessário é Deus que conhece todas as coisas particulares e universais graças à sua ciência e à sua sabedoria. Tanto Deus como o universo são eternos e não existe nem tempo nem espaço antes de Deus.

            Essa definição modifica profundamente a compreensão sobre a criação do mundo. Ela não é mais o capricho de uma vontade divina, mas o resultado do pensamento divino que pensa ele mesmo. A criação torna-se uma necessidade e não mais uma vontade. O mundo se origina de Deus como excesso de sua inteligência.
            Na visão de Avicena o homem, animal munido de razão, tem o poder de conhecer, através da alma racional, as formas inteligíveis, por exemplo Deus. Essas formas inteligíveis constroem a alma racional de três formas: 
          1. através de uma emanação, de um prolongamento da substância e natureza divina, através da qual o homem pode conhecer os primeiros princípios; 
          2. através do raciocínio e da demonstração é possível conhecer as coisas inteligíveis do mundo utilizando para isso a lógica; 
          3. através dos sentidos.
                    
           Apesar de Avicena propor o primeiro argumento ontológico, no entanto quem sistematizou foi o doutor da igreja Anselmo de Cantuária; foi um influente teólogo e filósofo medieval italiano e é considerado o fundador do escolasticismo, mais tarde foi canonizado pela Igreja Católica e hoje é conhecido como santo Anselmo.  
            Em sua obra Proslogium (Premissa) ele elaborou seu argumento, segundo Anselmo Deus concedeu a razão em defesa da fé. Baseado no Salmo 13.1 " O tolo diz no seu coração, Deus não existe", para Anselmo mesmo o tolo, que em seu coração afirma a inexistência de Deus, tem na mente uma ideia de Deus, pois em caso contrário não poderia negar a existência de Deus. Segundo ele, Deus é o mais alto do pensamento possível, a tal ideia não pode existir no intelecto apenas, pois, se fosse assim, um conceito maior seria possível, ou seja, o de uma ser existente que, além dos predicados pensados pela mente, tivesse um outro, o da existência. ele finaliza que o mais alto pensamento possível não pode existir na mente apenas porque corresponde que esse Ser exista.  O próprio conceito de Deus de " o ser sobre o qual nada maior  pode ser pensado" implica logicamente sua existência, visto que, se não existisse, poderia se pensar um ser maior que Deus. No entanto tal ser existe no pensamento e, por conseguinte, na realidade. Sendo assim, negar a existência de Deus é tolice, como no salmo 13.1, o tolo só nega algo tão evidente à razão humana justamente por ser insensato e carente de raciocínio.   
                               
                            PREMISSAS  
          1. Deus existe no entendimento.
          2. Deus poderia existir na realidade (Deus é um ser possível).
          3. Se algo existe apenas no entendimento e podia existir na realidade, então podia ser
maior do que é.  
          4. Suponha‐se que Deus existe apenas no entendimento.
          5. Deus podia ser maior do que é. (2, 4 e 3)
          6. Deus é um ser maior do que o qual é possível haver outro.
          7. O ser maior do que o qual nenhum é possível é um ser tal que um ser maior é possível.
          8. É falso que Deus exista apenas no entendimento.
          9. Deus existe na realidade bem como no entendimento. (1,8)


         Existem objeções contra o argumento ontológico, nessas objeções é utilizada uma paródia do argumento original, nela troca-se a ideia de Deus por algum tipo de conceito. 


O primeiro a fazer esse tipo de objeção foi um monge contemporâneo de Anselmo, Gaunilo de Marmoutiers escreveu um livro  intitulado " Em defesa do tolo" onde parodiava o argumento de Anselmo substituindo Deus pela      " ilha perdida". A intenção de Gaunilo não é de demonstrar o erro do argumento, mas sim ao que aceitamos a lógica do argumento poderíamos  deduzir  uma variedade enorme de seres que saberemos que não existem.
         CONJECTURA: Em um certo lugar do oceano há uma ilha que é impossível de descobri-la, chamada " ilha perdida". Uma ilha com grandes riquezas com coisas boas em grande substância do que é conhecida sobre a ilha dos bem-aventurados; nela não há dono ou habitantes, ela é a mais excelente que todos os países, os quais são habitados pelo homem, lá tem abundância e tudo o que esta lá está guardado. Alguém disse que esta ilha existe, e não há dificuldade de entender essas palavras, mas suponha que este alguém continue falando como se concluísse pela lógica        " Você não pode duvidar que essa ilha é mais excelente que todas as ilhas existe em algum lugar, uma vez que você não tem dúvidas que ela existe em seu entendimento. E uma vez que é mais excelente não estar apenas no entendimento, mas existi ao mesmo tempo e na realidade,por essa razão ela deve existir. Pois se não existir, qualquer ilha que realmente existe seria mais excelente do que ela; e então a ilha já entendida por você como a sendo a mais excelente não será mais a ilha mais excelente."
                      PREMISSAS:
                                     ANSELMO    

  1. Deus é aquele ser do qual nada maior pode ser concebido.
  2. É maior a existir na realidade do que simplesmente como uma ideia.
  3. Se Deus não existe, podemos conceber um ser ainda maior, i um que faz existir.
  4. Portanto, Deus deve realmente existir na realidade.
  5. Portanto, Ele existe.
                                     GAUNILO
1.  A Ilha Perdida é que do qual nada maior pode ser concebido.
2.  É maior a existir na realidade do que simplesmente como uma idéia.
3.  Se a Ilha Perdida não existe, é possível conceber uma ilha ainda maior, i um que faz existir.
4.  Portanto, a Ilha Perdida existe na realidade.


                 Através do procedimento de Gaunilo, ele refuta o argumento ontológico de Anselmo, pois a mesma lógica é usado por ele para provar a existência da " ilha perdida ", segundo Gaunilo a fragilidade de uma pensamento ou uma conclusão demonstrando que, se empregado em uma nova situação, levará a algo absurdo; resta que o pensamento ou  a conclusão original devem ser falsas. Se o maior ser possível deve ser aceito como existente por certo tipo de raciocínio, então a maior ilha será também; mas não podemos aceitar a existência dessa ilha, pois isso seria absurdo. Logo, não podemos aceitar a existência de Deus por esse mesmo tipo de raciocínio.
                   O argumento ontológico foi reintroduzido por Alvin Plantinga fazendo objeções do argumento de Gaunilo. No próximo assunto do argumento ontológico (parte 2.1); irei  esquematizar toda reintrodução do argumento ontológico de Alvin Platinga.








  














sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A EXISTÊNCIA DE DEUS: A ideia de DEUS (PARTE 1)


                                                           Apologético do Evagelho
                                                                Pb. Joedson silva
                                           
                                                               

          A existência de Deus: A ideia de Deus



      Existem algumas diferenças para a ideia de Deus, podemos encontrar no sentido religioso, teológico, psicológico e no filosófico, abordando a idéia pelo intelecto ou percepção, pelo sentimento e até mesmo pela fé.
         A ideia de Deus resume em um Ser com poderes sobrenaturais, temido ou adorado, um Ser que representa o princípio criador e mantenedor de todas as coisas do universo.
         Para alguns a ideia de Deus é um invenção humana, ou seja, o homem criou Deus. Essa criação seria de refúgio para o sofrimento humano; portanto o homem criou ou inventou um Ser superior a ele para ser uma porta de escape contra o caos do mundo. Mas esta ideia é muito insuficiente para a ideia de Deus, ou provar a sua inexistência. Seguindo a uma análise de Descartes, a existência de Deus se prova pela sua própria ideia. Portanto esse Deus é o criador da existência. O argumento cartesiano para provar a existência de Deus, consiste na declaração de que seria impossível que a natureza humana fosse tal como é se o homem possuísse em si a ideia de um Deus, se o próprio Deus não existisse verdadeiramente. Deus é uma ideia viva e notavelmente verdadeira, pois não há como eliminá-lo do pensamento humano, que por sua vez é a fonte da verdade.
     Mesmo tendo a ideia de Deus o homem não tem um conhecimento completo Dele, pois nossas representações e conceitos não podem compreender-Lo totalmente, porque Ele é um Ser infinito e ilimitado, enquanto o homem é finito e limitado; não podemos abarcar Deus inteiramente.
     A religião proporciona a ideia de Deus, mas podemos encontrar religiões como o budismo e jainismo que são ateus, isto é, excluíram da sua doutrina a ideia de um tipo de deus; é bom ressaltar que dependendo da religião a idéia de Deus é variável; tanto o budismo como o jainismo, não podemos dizer que eles não tiveram ou não tem uma idéia de um tipo de deus, pois há uma contradição porque alguns jainistas se voltaram a uma espécie de deísmo, nas inscrições do Decão, fala-se de um Jinapati, espécie de Jaina supremo, que é chamado de o primeiro criador. Assim como os jainista, os budistas do norte concebem Buda como uma espécie de deus, Buda tornou-se objeto de culto em seus templos, e recebe oferenda de algumas flores e á adoração de relíquias ou imagens consagradas.
     Enquanto a religião proporciona a ideia, a teologia edifica e prepara e a filosofia constitui e instala sua relação com a experiência do homem, qualquer ideia filosófica de Deus tem sua contrapartida e antecedentes em alguma religião. Na teologia do Antigo Testamento nenhum escritor ofereceu uma prova da existência de Deus, porque a sua preocupação era trazer o homem para uma retidão com o Deus de Israel. A ideia de Deus abraâmico é de um Ser soberano, sendo um Espírito dotado de Sabedoria e de vontade, infinitamente perfeito e absoluto – existe por si mesmo, porque ninguém o criou-, o criador de todas as coisas, atemporal – aquele que é, que era e que sempre será.
     Na teologia do Novo Testamento encontra-se mais reflexão sobre a ideia de Deus, um dos exemplos está em Atos 17.18-34; onde Paulo no areópago de Atenas argumentava com alguns filósofos epicureus e estóicos que eram contraditórios a ele, chamando até de paroleiro, porque a ideia de Deus de Paulo era distinta da deles. E Paulo proporciona a eles sua idéia usando uma linguagem teológica e ao mesmo tempo filosófica, ele retrata a um Deus criador, que não habita em templos feitos por mãos de homens, um Deus que dá a vida, e a respiração, e todas as coisas, por Ele vivemos nos movemos e existimos; um Deus que não era uma divindade semelhante a pedra esculpida por artifício e imaginação dos homens. Com esse argumento alguns varões creram na ideia do Deus de Paulo , entre eles estava o areopagita Dionísio que se converteu.
  Na origem psicológica da ideia de Deus segundo Brugger descobre, por um lado, a disposição plena do homem em sua necessidade de uma causa e na aptidão inata para a idealização, em sua sede de imortalidade; em outro lado, no caráter contingente do universo ,mas, ao mesmo tempo, em sua maravilhosa harmonia, nos vestígios de BELEZA, de BONDADE e VERDADE,  esses são elementos de caráter da realidade da ideia de Deus.