quarta-feira, 16 de novembro de 2011

EXISTENCIALISMO : FILÓSOFOS EXISTECIALISTAS E SEUS CONCEITOS SOBRE DEUS


                                                    APOLOGÉTICO DO EVANGELHO
                                                                 Pb.Joedson silva
                                                                    




EXISTENCIALISMO
:  FILÓSOFOS EXISTECIALISTAS E SEUS CONCEITOS SOBRE DEUS
                      Origem
          O existencialismo foi inspirado nas obras de Arthur Schopenhauer, Søren Kierkegaard, Fiódor Dostoiévski e nos filósofos alemães Friedrich Nietzsche, Edmund Husserl e Martin Heidegger, e foi particularmente popularizado em meados do século XX pelas obras do escritor e filósofo francês Jean-Paul Sartre e de sua companheira, a escritora e filósofa Simone de Beauvoir. Os mais importantes princípios do movimento são expostos no livro de Sartre ("O existencialismo é um humanismo"). O termo existencialismo foi adotado apesar de existência filosófica ter sido usado inicialmente por Karl Jaspers, da mesma tradição.

                    O que é existencialismo?

       Existencialismo se refere a um conjunto de idéias sobre a existência humana, além dos termos usados ​​na filosofia antiga e objetiva a ciênciaO "existencialismo" é usada tanto para conceitos filosóficos e de obras literárias, além de ser um rótulo aplicado a vários trabalhos de outros. O significado exato depende do escritor em particular, e alguns escritores opôs-se à noção de ser chamado de "existencialistas" como uma tentativa de restringir suas idéias em uma categoria pré-definida. 
       O início dos anos 19 do século filósofo Søren Kierkegaard , postumamente considerado o pai do existencialismo, sustentou que o indivíduo tem a responsabilidade de dar sentido a própria vida e com a vida viver apaixonadamente e sinceramente, apesar de muitos obstáculos e distrações, incluindo o desespero , angústia , absurdo , a escolha , o tédio , e morte . Subseqüentes filósofos existencialistas manter a ênfase no indivíduo subjetivo, mas diferem, em vários graus, de como se consegue uma vida satisfatória, o que os obstáculos devem ser superados, e que fatores externos e internos estão envolvidos, incluindo as possíveis conseqüências da existência ou não -existência de Deus. Alguns existencialistas considerado o sentido da vida ser baseada na fé, enquanto outros notaram autodeterminada objetivos.Existencialismo se tornou moda depois da Segunda Guerra Mundial , como uma forma de reafirmar a importância dos direitos humanos individualidade e liberdade. Como tal, muitos filósofos existencialistas não se consideravam existencialistas como eles não querem ser associados ou typecast com a concepção outros filósofos "do existencialismo.
                *História
         O existencialismo é um movimento filosófico e literário distinto pertencente aos séculos XIX e XX, mas os seus elementos podem ser encontrados no pensamento (e vida) de Sócrates, Aurélio Agostinho e no trabalho de muitos filósofos e escritores pré-modernos. Culturalmente, podemos identificar pelo menos duas linhas de pensamento existencialista: Alemão-Dinamarqueses e Anglo-Francesa. As culturas judaicas e russas também contribuíram para esta filosofia. O movimento filosófico é agora conhecido como existencialismo de Beauvoir. Após ter experienciado vários distúrbios civis, guerras locais e duas guerras mundiais, algumas pessoas na Europa foram forçadas a concluir que a vida é inerentemente miserável e irracional. Para muitos autores, como Heidegger e Kierkegaard, também existencialistas, sendo que em torno das suas teses se constituíram correntes ainda hoje vivas. O existencialismo não morreu de fato, pelo contrário, continua a produzir, quer na filosofia, quer na literatura, no cinema, ou até na ideologia de vida.

                     Temáticas

       Os temas existencialistas são férteis no terreno da criação literária, nomeadamente na literatura francesa, e continuam a exibir vitalidade no mundo filosófico e literário contemporâneo.
      As principais temáticas abordadas sugerem o contexto da sua aparição (final da Segunda Guerra Mundial), reflectindo o absurdo do mundo e da barbárie injustificada, das situações e das relações quotidianas ("L'enfer, c'est les autres", ["O inferno são os outros"], Jean-Paul Sartre). Paralelamente, surgem temáticas como o silêncio e a solidão, corolários óbvios de vidas largadas ao abandono, depois da "morte de Deus" (Friedrich Nietzsche). A existência humana, em toda a sua natureza, é questionada: quem somos? O que fazemos? Para onde vamos? Quem nos move?
       É esta consciência aguda de abandono e de solidão (voluntária ou não), de impotência e de injustificabilidade das acções, que se manifesta nas principais obras desta corrente em que o filosófico e o literário se conjugam.

                Relação com a religião

       Apesar de muitos, senão a maioria, dos existencialistas terem sido ateístas, os autores Søren Kierkegaard, Karl Jaspers e Gabriel Marcel propuseram uma versão mais teológica do existencialismo. O ex-marxista Nikolai Berdyaev desenvolveu uma filosofia do Cristianismo existencialista na sua terra natal, Rússia.

                          Fé cristã e existencialismo

       O existencialismo não é uma simples escola de pensamento, livre de qualquer e toda forma de fé. Ajuda a entender que muitos dos existencialistas eram, de fato, religiosos. Pascal e Kierkegaard eram cristãos dedicados. Pascal era católico, Kierkegaard, um protestante radical marcado pelo ríspido antagonismo com a igreja luterana. Dostoiévski era greco-ortodoxo, a ponto de ser fanático. Kafka era judeu. Sartre realmente não acreditava em força divina. Sartre não foi criado sem religião, mas a Segunda Guerra Mundial e o constante sofrimento no mundo levou-o para longe da fé, de acordo com várias biografias, incluindo a de sua companheira, Simone de Beauvoir. Curiosamente, Sartre passou seus últimos anos de vida explorando assuntos de fé e dedicação com um judeu ortodoxo. Apenas podemos imaginar suas conversas, já que Sartre não as registrou.
        Para os existencialistas cristãos, a fé defende o indivíduo e guia as decisões com um conjunto rigoroso de regras em algumas vertentes cristãs , as decisões são guiadas pelo pensamento, pela alma. Para os ateus, a "ironia" é a de que não importa o quanto você faça para melhorar a si ou aos outros, você sempre vai se deteriorar e morrer. Muitos existencialistas acreditam que a grande vitória do indivíduo é perceber o absurdo da vida e aceitá-la. Resumindo, você vive uma vida miserável, pela qual você pode ou não ser recompensado por uma força maior. Se essa força existe, por que os homens sofrem? Se não existe e a vida é absurda em si mesma, por que não cometer suicídio e encurtar seu sofrimento? Essas questões apenas insinuam a complexidade do pensamento existencialista.
       Todavia, após sessões de reflexão, percebe-se que não há motivos para se manter a pensar - nem no pessimismo, nem no otimismo - em ascensão do ser ou retalia pós-vida.


               Søren Aabye Kierkegaard: nasceu na capital dinamarquesa, Copenhague, em 1813, foi um filósofo e teólogo; criticava fortemente quer o hegelianismo do seu tempo quer o que ele via como as formalidades vazias da Igreja da Dinamarca.   Como parte do seu método filosófico, inspirado por Sócrates e pelos diálogos socráticos.       Subsequentemente, os académicos têm interpretado Kierkegaard de maneiras variadas, entre outras como existencialista, neo-ortodoxo, pós-modernista, humanista e individualista. Cruzando as fronteiras da filosofia, teologia, psicologia e literatura, tornou-se uma figura de grande influência para o pensamento contemporâneo.    Muitas das suas obras lidam com problemas religiosos tais como a natureza da fé, a instituição da fé cristã, e ética cristã e teologia. Por causa disto, a obra de Kierkegaard é, algumas vezes, caracterizada como existencialismo cristão, em oposição ao existencialismo de Jean-Paul Sartre ou ao proto-existencialismo de Friedrich Nietzsche, ambos derivados de uma forte base ateística.
           A religião sempre foi para Kierkegaard uma fonte de inspiração e um espaço de reflexão e existência. Desde a infância é conduzido pela família na prática religiosa.  Mais tarde, parte para a especulação religiosa ao se iniciar em um curso de teologia, visando à carreira eclesiástica.  A religiosidade pessoal do filósofo é composta por duas realidades: por um lado o cristianismo com seus dogmas e seus paradoxos.  Por outro lado, a tensão psicológica com que ele e sua família recebem estes dogmas e paradoxos do cristianismo em meio aos problemas existenciais profundos e traumáticos no ambiente familiar: angústia, medo e tremor.
             CONCEITO DE DEUS
                             “O importante é entender –me a mim mesmo, é perceber o que Deus realmente quer que eu faça; o importante é achar uma verdade que é verdadeira para mim, achar a idéia em prol da qual posso viver e morrer” Journals p.44. In Filosofia e Fé Cristã, Colin Brown
Em 1848, Kierkegaard passou pela experiência de conversão e registrou em um de seus Jounals o seguinte testemunho: “A totalidade do meu ser está transformada...  Mas a crença no perdão dos pecados significa crer que aqui no tempo o pecado é esquecido por Deus, que é realmente verdade que Deus o esquece.”  Kierkegaard se opunha a Hegel e ridiculariza os argumentos abstratos da metafísica especulativa. Ele escreve sobre Hegel em 1850:
                           “Quantas vezes demonstrei que fundamentalmente Hegel torna os homens em pagãos, em raça de animais com o dom do raciocínio.  No mundo animal, pois, "indivíduo” sempre é menos importante do que raça.  Mas a peculiaridade da raça humana é: justamente porque o indivíduo é criado à imagem de Deus, o “indivíduo” está acima da raça.  Isto pode ser entendido erroneamente  e terrivelmente abusado, reconheço.  Mas isso é o cristianismo.  E é aí que a batalha deve ser travada.” Journals.

          Para Kierkegaard a subjetividade isolada é má, assim como a objetividade de Hegel por si só, também é má.  Para ele, a única salvação era a subjetividade.  Deus era como uma subjetividade infinita e compulsora.  Por se tratar o cristianismo de uma religião histórica e em decorrência das críticas desta realidade, Kierkegaard escreveu que os resultados dos fatos históricos para ele eram incertos, o importante era a escolha subjetiva.  Crer em Deus era um salto de fé, um comprometimento com o absurdo.  A pessoa faz uma escolha por aquele fato histórico porque este significa tanto para ela que até arrisca a vida por ele. “ Então vive; vive inteiramente cheio da idéia, e arrisca  sua vida por ela; e sua vida é a prova de que crê”.  Não precisa haver provas para a pessoa crer e viver esta fé.  A fé é impossível se houver provas e certezas.  Sem riscos não há fé, é uma impossibilidade.  A fé e a razão são opostas mutuamente exclusivas. (relacione esta idéia de fé e razão de Kierkegaarde com outros estudos: a minha fé tem razão, e a razoabilidade da fé)
        O autor Colin Browm compara o conceito de Deus de Kierkegaard comum à estória do Mágico de Oz, ou seja, não é tanto a sua existência o que importa, mas o pensamento sobre sua existência.  Nesta estória, o homem de palha, o homem de latão e o leão covarde mudam o curso de suas vidas porque crêem no Mágico de Oz.  Porém, no final, este mágico é na verdade um homem comum.  Do mesmo modo para Kierkegaard, o pensamento a respeito de  Deus o impulsionava para reagir, de certa forma, mais do que o encontro com o próprio Deus.
     Surge no conceito de Deus no pensamento de Kierkegaard, uma palavra chave: o amor.  É por amor que Deus deve decidir-se eternamente a agir, mas como seu amor é a causa, seu amor deve também ser o fim.  Deus quer restabelecer a igualdade entre Si e o homem (discípulo), assim com um rei que se apaixona por uma plebéia.  Tal idéia per si é incongruente, mas o rei é o rei, acima de tudo.  Segundo Kierkegaard, “Deus encontra sua alegria em vestir ao lírio com mais esplendor que Salomão” (Fragmentos Filosóficos, p. 59).  O amor de Deus não somente ensina, mas também leva a um novo nascimento do discípulo, passando do não ser ao ser, pois “o fazer nascer pertence a Deus cujo amor é regenerador” (Fragmentos, p. 68).

         Deus busca a unidade, de Si com o não ser do homem.  Assim, “para obter a unidade, Deus deve se fazer igual ao seu discípulo”, e para isto toma a forma de servo.  Deus sofre a fome, o deserto, tudo experimenta por amor ao discípulo.  Kierkegaard afirma que só Deus pode salvar o indivíduo do desespero: “Deus pode a todo instante...” (Chaves, Odilon. Sofrimento e Fé em Kierkegaard, 1978. p. 36).  Não seria também por isso que ele afirma que se deve “tremer” diante de Deus? “É impossível enganar a Deus, Ele é o onisciente, o onipotente” (Attack Upon Christendom, p. 255).  E ainda, “Ele é o único que tem uma verdadeira concepção do infinito que Ele é” (Attack Upon Christendom, p. 255).

        Por outro lado, Kierkegaard menciona ser fácil o enganar a Deus.  Não que Deus não notaria a “presença” do homem tentando agradá-lo.  Deus, na verdade, cria uma situação na qual o homem, se ele quiser, pode “enganar” a Deus.  Como isto é possível?  Deus permite que o homem sofra para que ele perceba que é um abandonado de Deus, e que tenta enganá-lo, e, se Deus, na opinião do homem não está atento para este fato, o homem enganou a Deus  (Attack Upon Christendom, p.256).  Por isso diz Kierkegaard: “Tremei!”

       No tocante à justiça de Deus, Kierkegaard diz que cada criminoso, cada pecador, que pode ser punido neste mundo, pode também ser salvo para a eternidade. Na eternidade, o que será lembrado?  O sofrer, aqui, pela verdade.  Todas as transações neste mundo têm como filtro o intelectualismo e a espiritualidade, sendo Deus nos Céus o parceiro.


BIBLIOGRAFIA
 Wikipédia, a enciclopédia livre.
CANCLINI, Arnoldo. Fragmentos Filosóficos. Buenos Aires, Imprensa Metodista, 1956.
CHAVES, Odilon M. Sofrimento e Fé em Kierkegaard. Monografia, S.B. do Campo, 1978
LOWRIE, Walter. Kierkegaard’s Attack Upon “Christendom”. Boston, The Beacon Press, 1957
LOWRIE, Walter. Kierkegaard, Christian Discourses. New York, Oxford, 1961.
SIMÕES, Carlos O. P. Ética e Fé em Kierkegaard. Monografia, S.B. do Campo, 1958.
VERGEZ, André. História dos filósofos ilustrada pelos textos. Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1976.
MESNARD, Pierre. Kierkegaard. Edições 70, Coleção Biblioteca Básica de Filosofia.
KIERKEGAARD. Coleção Os Pensadores...


                            Friedrich Wilhelm Nietzsch: foi um filólogo e influente filósofo alemão do século XIX, nasceu numa família luterana; seus dois avôs eram pastores protestantes; o próprio Nietzsche pensou em seguir a carreira de pastor. Entretanto, Nietzsche rejeita a "fé" (religião/crença religiosa) durante sua adolescência, e os seus estudos de filosofia afastam-no da carreira teológica.
                 
          Deus em Nietzsche

 “Já ouviu falar daquele louco que acendeu uma lanterna  numa manhã clara, correu para a praça do mercado e pôs-se a gritar incessantemente: “Eu procuro Deus! Eu procuro Deus!". Como muito dos que não acreditam em Deus estivessem justamente por ali naquele instante, ele provocou muita risadas... “Onde está Deus!”, ele gritava. “Eu devo dizer-lhes: nós o matamos – você e eu. Todos somos assassinos... Deus está morto. Deus continua morto. E nós o matamos...”

 - (Friedrich Nietzsche, Gaia Ciência (1882), parte 125.)
       Nietzsche, em seu filosofar, não pode ser identificado como um filósofo portador de um discurso periculoso e trágico. Pelo contrário, essa suposta carga negativista e pessimista que se verifica nos seus escritos, ressoam, em quase todas as suas abordagens, como um manifesto de reivindicação e de superação da condição existencial humana. Em Assim falou Zaratustra, Nietzsche destaca a necessidade do anúncio do super-homem. Nele, Zaratustra, seu personagem principal, proclama a falência da civilização e a aurora de uma nova era. É o anúncio de que o homem deve superar a si mesmo, à sua potencialidade negada. Procurando sacudir o velho homem, que vivia enclausurado no seu pessimismo e ilusão, o novo pretende ser substituto daquele. O superar típico do super-homem, entendido como ato de abertura para o nada ou para o sagrado, nada mais é do que a própria vontade de poder. O super-homem como superação implica a dimensão do divino, que, segundo Nietzsche, seria um “ponto” na vontade de poder. Sendo assim, o divino não é uma coisa separada do homem, tampouco uma realidade para fora de si e que tem poder de manipulação, mas o divino e o humano se encontram no ato contínuo e ininterrupto de superação do objeto conhecido e, por conseguinte, na consciência do não-poder em relação ao não-objeto, isto é, ao nada (Penzo, 1999).
        Desta forma, é revertida a concepção metafísica do conhecer como esperança e a de Deus como causa última de segurança. Para Nietzsche, a segurança na raiz metafísica leva o homem a experiênciar a convicção e a segurança, levando-o a ver Deus como objeto último de sua esperança, donde provêm a sua fé e a sua verdade absolutizada. Nessa linha, seria catastrófico para o homem, sedimentado em terreno metafísico, ouvir a proclamação da morte de Deus, pois ela acentua a natureza do medo e da dramaticidade existencial, visto que pensar na sua ausência assinalaria o declínio da esperança e o estabelecimento da incerteza. O anúncio da morte de Deus, portanto, não se trata de propagar idéias anti-teístas. Não pretende ser a disseminação do ateísmo. Mas em erigir um novo conceito sobre o homem e sobre Deus. A morte de Deus, para Nietzsche, representa o fim e o declínio da formulação do Deus que a metafísica clássica ocidental construiu: o de ser absoluto e supremo. Quer dizer que a idéia do Deus do cristianismo deveria morrer na consciência do ser humano enquanto mantenedor do sistema tradicional de valores. Como resultado disso, alguém deveria ocupar o seu lugar – o próprio homem.   
       No passado, o ser humano obedecia irrestritamente ao “farás” e “não farás”, da parte de Deus ou dos códigos doutrinais rigidamente patrocinados e construídos pela religião burocratizada. Para Nietzsche, esse ditos e sentenças estavam com os dias contados. Uma nova ordem de valores estava para ser estabelecida. O homem não mais podia se inclinar aos mandamentos divinos. Mas deveria ele mesmo conduzir os seus próprios desígnios. Somente ele é que poderá fazer as suas escolhas. E, acima de tudo, optar por uma delas, sejam elas boas ou más. É o que Nietzsche emblematicamente denomina de: “a transvalorização de todos os valores” Os valores antigos e tradicionais caducaram. Esse arcaicos valores devem ceder espaço para o surgimento de novos valores. Não mais centrados em afirmações religiosas ou metafísicas. Mas redigidas e assinadas pelo próprio homem. Porém não é qualquer homem. Tem de ser um homem superior. Não o que prometa felicidade e gozo na transcendentalidade, mas concretamente, existencialmente. Este homem superior, portanto, é o Ubermensch, literalmente homem superior, passando a ser denominado também de super-homem. Entretanto, esse super-homem não tem qualquer conexão com o herói em quadrinhos.
    Nas reflexões de Nietzsche, este homem superior era proveniente do desenvolvimento da humanidade num sentido darwinista. Ele aceitava as idéias de Darwin no que tange ao processo seletivo e natural da vida, no qual as espécies mais fracas são aniquiladas e as mais fortes sobrevivem para produzir espécies mais fortes ainda.
     A teoria evolucionária de Darwin fundamenta e alimenta os pressupostos nietzschianos, sobretudo em relação ao homem superior. Porém, ele não pensou apenas numa nova raça desenvolvida nos níveis educacional ou espiritual que partisse do inferior para o superior.  Ele tomou a idéia de Darwin literalmente. Pensava que o homem superior haveria de ser fisicamente mais forte. Deveria ter poder no soma [corpo] e na psique [alma]. Metaforicamente, deveria ser uma espécie de “besta-fera”, um centauro [metade gente, metade animal], bastante desenvolvido intelectualmente, não irracional, mas poderoso, representando, assim, uma nova formatação existencial completamente acima e superior do homem europeu massificado. O homem massificado evita a qualquer custo a controvérsia. É conformista, indiferentista e não têm preocupações supremas, acha a vida aborrecida e é cínico e vazio. É o que chama de niilismo (ex nihilo), para o qual a nossa cultura se dirige (Tillich). A bem da verdade, ao anunciar o super-homem como superação de si mesmo, Nietzsche sublinha e apresenta, em Assim falou Zaratustra, uma nova transcendência filosófica, pautada no nível existencial, na qual se abre o horizonte “nadificado” entendido positivamente, que se resolve como o horizonte do sagrado. 
Assim, em seu pensamento sobre o sagrado, Nietzsche observa que a morte de Deus é um acontecimento cultural, existencial e extremamente necessário para purificar a face de Deus e, por conseqüência, a própria fé em Deus. Deste modo, Nietzsche não mata Deus. Mas limita-se a constatar a ausência do divino na cultura do seu tempo, acusando, pelo contrário, por essa ausência e morte, a teologia metafísica. Com base na rejeição da tese da fé-segurança, que a priori funda-se numa certeza típica da ciência, Nietzsche também crítica o espírito que levará a secularização inautêntica ou ao secularismo do cristianismo.
      Logo, matar a Deus significa, noutras palavras, matar o “dogma”, o “conformismo”, a “superstição” e o “medo”, é não aceitar mais a imposição de regras cristalizadas, que impossibilitam a superação e a transcendência, além da auto-afirmação do ser humano, que luta incansavelmente para libertar-se elevar-se em sua saga existencializada.


Referências Bibliográficas

 Wikipédia, a enciclopédia livre
COPLESTON, Frederick S. J.  Nietzsche: filósofo da cultura. Coleção Filosofia e Religião, Porto, Portugal, Livraria Tavares e Martins, 1953. 
MARTON, Scarlett.  Nietzsche. 4ª ed., In: Coleção Encanto Radical, São Paulo, Brasiliense, 1986.
PENZO, Giorgio. O divino como problematicidade. In: Deus na filosofia do século XX,  São Paulo, Loyola, 1999.
TILLICH, Paul. Perspectivas da teologia protestante nos séculos XIX e XX. Trad. Jaci Maraschin,  2ª ed., São Paulo, ASTE, 1999.


                    Martin Heidegger foi um filósofo alemão .No que diz respeito a sua formação Universitária, Heidegger a concluiu na sua própria terra natal.Depois da escola primária (Volksshule), fez os estudos secundários em Constança  Friburgo em Brisgam de l903 a l909, sendo que no último ano citado ele entra na Universidade de Friburgo, seguindo os cursos de filosofia e teologia e obtêm, em l9l3, o grau de doutor em filosofia.
  Heidegger profere um dissertação em jeito de discurso sobre os Fundamentos da mística medieval e, no ano seguinte, um de Introdução à fenomenologia da religião. No semestre de verão de 1921 surge um discurso intitulado S. Agostinho e o neoplatonismo. Isto numa época em que as suas preocupações estão centradas na problemática da temporalidade com o estudo de Kierkegaard a fornecer-lhe novos horizontes, e Heidegger traçava novos planos teóricos rasgando com o esquema da ontologia clássica que o próprio Kierkegaard havia deixado intacto, bem como com a estrutura metafísica helênica preservada pelo neoplatonismo e adotada por Aurélio Agostinho.                                                                                                                                     
             
                                            DEUS em Heidegger


       Ao fazer uma abordagem sobre Deus, no pensamento de Heidegger, vale destacar, antes de qualquer coisa, que este Filósofo “em determinados aspectos do seu pensar, como metafísica, não demonstra nem ateísmo e muito menos ser teísta”. Sendo assim, não é tarefa fácil discorrer acerca de Deus em Heidegger, devido à complexidade da sua linha de raciocínio, que por sinal,  não é apresentada de maneira sistematizada.

    Em suas reflexões a respeito do ser-aí, o ser e o sagrado, o alemão têm por objetivo elucidar o sentido da existência humana. Desta forma, o sagrado aparece no pensamento de Heidegger como que mais instrumento para refletir e esclarecer o porquê da existência do ser humano. E este sagrado por sua vez não recebe uma “conceituação” similar ao âmbito religioso. Aliás, para o pensador alemão o sagrado deixa-se conhecer no ambiente silencioso.

    O ambiente silencioso é como que uma definição a “destruição” dos conceitos ou teorias presentes na sociedade acerca de Deus, pois o sagrado não pode ser capturado nas categorias lógicas. Essas categorias lógicas segundo Heidegger estão inseridas na metafísica, que de certa forma apresenta respostas definitivas ou fechadas a respeito de Deus.

    Na compreensão do filósofo alemão uma abordagem do Divino nunca deve trazer um parecer decisivo pronto e inalterado.  Ou seja, no pensamento sobre Deus precisa haver abertura para o novo. Além disso, a posição de Heidegger é que na própria reflexão em busca de conhecer Deus o ser humano pode se isentar do uso da linguagem representativa. Pois para ele a compreensão de Deus não se evidencia na capacidade de explicar o Divino via linguagem representativa, na qual todos têm acesso.

  Este conceito contrapõe-se a teoria científica que entende que o conhecimento é legitimado no ato de poder explicar a lógica do conhecido. Daí entende-se o porquê o pensador classifica a linguagem poética como uma linguagem autêntica, até mesmo por que para ele a “essência da poesia não é obra do homem, mas sim dom do ser. Na linguagem do poeta, não é o homem que fala, e sim a própria linguagem – e, nela, o ser”.

    Portanto, para Heidegger Deus só pode ser “explicado” na linguagem poética. Pois nela o homem se cala e quem fala é a própria linguagem e conseqüentemente o ser. E vale lembrar que na concepção do filósofo é no silêncio que Deus se revela.

                                 Karl Theodor Jaspers, filho de um banqueiro protestante, nasceu em Oldenburg; foi um filósofo e psiquiatra alemão. Estudou medicina e, depois de trabalhar no hospital psiquiátrico da Universidade de Heidelberg, tornou-se professor de psicologia da Faculdade de Letras dessa instituição. Desligado de seu cargo pelo regime nazista em 1937, foi readmitido em 1945 e, três anos depois, passou a lecionar filosofia na Universidade de Basel. O pensamento de Jaspers foi influenciado pelo seu conhecimento em psicopatologia e, em parte, pelas doutrinas de Kierkegaard e Nietzsche. Sempre teve interesse em integrar a ciência ao pensamento filosófico na medida em que, para Jaspers, as ciências são por si só insuficientes e necessitam do exame crítico que só pode ser dado pela filosofia.
 O existencialismo (ou filosofia da existência) constitui, segundo Jaspers, o âmbito no qual se dá todo o saber e todo o descobrimento possível. Por isso a filosofia da existência vem a constituir-se numa metafísica. A existência, em qualquer de seus aspectos, é precisamente o contrário de um "objeto", pois pode ser definida como "o que é para si encaminhada". O problema central é como pensar a existência sem torná-la objeto.
       A existência humana é entendida como intimamente vinculada à historicidade e à noção de situação: o existir é um transcender na liberdade, que abre o caminho em meio a um conjunto de situações históricas concretas.
      Jaspers preocupou-se em estabelecer as relações entre existência e razão, o que levou-o a investigar em profundidade o conceito de verdade.Para ele, a verdade não é entendida como característica de nenhum enunciado particular: é antes uma espécie de ambiente que envolve todo o conhecimento.
       Embora ele tenha rejeitado explícita doutrinas religiosas, incluindo a noção de um Deus pessoal, Jaspers influenciado a teologia contemporânea por meio de sua filosofia da transcendência e os limites da experiência humana. 
                                        Deus em Jaspers

          Encarado como um Enigma, pois as significações que não podem ser reduzidas ao objeto significado são por nós denominados assim. Sendo assim o Enigma pode ser objetivo ou subjetivo, isto é, objetivo quando o homem percebe alguma coisa que lhe vem ao encontro, e subjetivo quando o homem o cria em função de suas concepções, modo de pensar e poder de entendimento. Então claramente é entendido que Deus, para a fé cristã é o Transcendente, pois é subjetivo, pois não é possível comprova-Lo de forma objetiva pois o homem constrói a figura de Deus a partir das suas próprias experiências. Portanto ao mesmo tempo cremos num mesmo Deus – o Deus Supremo, Eterno –e em um Deus diferente, a partir do momento em que se sabe que a minha concepção de Deus é diferente da do outro. Se Deus é colocado como um objeto específico – isto é ciência e não transcendência. Portanto, através da ciência a  explicação sobre Deus é inviável, pois Ele é entendido no campo subjetivo e não no campo objetivo como faz a ciência,então ficamos com o campo dos Enigmas, que dá margem para o transcendente.
            “A palavra ‘Deus’ destina-se a designar algo que nós, pura e simplesmente, não chegamos a compreender. O israelita do Antigo Testamento procurou, sem êxito, esclarecer o sentido dessa palavra; mas jamais duvidou de que Deus existia”.
                    A Fé Filosófica
          Se perguntarmos de onde viemos e para onde iremos viver, seguramente haverá questionamentos. Só podemos explicar através da fé na revelação, fora da fé na revelação só há o nihilismo (filosofia do nada).
A fé filosófica é a fé do homem que pensa, tem sempre uma aliança com o saber.
 É conhecimento ilimitado, onde a ciência é o elemento fundamental desta filosofia. Não pode haver nada que não possa interrogar, nenhum mistério que possa estar encoberto da investigação.
         A fé filosófica quer logo esclarecer a si mesma. A fé não pode tornar-se saber de validez universal. Deve estar presente por autoconvicção, e deve incessantemente ser mais clara, mais consciente e ser posta cada vez mais no manifesto da consciência.
        Deus é o transcendente, aquilo que está “além do domínio da ciência e do domínio da Existência”.
       Ele se manifesta a nós principalmente através das situações-limites, situações estas que nos levam a encontrar as soluções além de nossos limites existenciais, isto é, além das nossas capacidades. Sendo assim, há situações em nossa vida aonde nossa finitude, limitação nos impede de “andar”, então começaremos a “andar em terreno transcendente”.
        O transcendente não é para ser explicado, pois é o que é, não se limita ao espaço, nem ao tempo ou lugar. O transcendente vai além da existência do ser humano.
        Para tocá-Lo precisamos de fé, pois através desta conseguimos sair do mundano, da existência limitada e nos transpormos ao transcendente. Sendo assim para se tocar no transcendente temos que ter uma fé transcendente. E esta não busca explica-Lo e sim estar em comunicação com Ele, pois Ele por ser transcendente é além de nossa existência; e se manifesta através de cifras (mundo, homem...) e o fundamento da fé é a linguagem cifrada. Meio pelo qual há a comunicação entre ambos.
       Só que esta comunicação não é possível, pois “Deus não é objeto de demonstração, nem, muito menos, de experiência. Deus é invisível e não pode ser visto nem demonstrado, mas somente crido”.
 Deus é o Absoluto, e como tal “simplesmente não pode existir porque não existe nenhum ser absolutamente indeterminado, um ‘ser’ semelhante é igual a nada”.
 *As Doutrinas Existencialistas

            A Transcendência:
         Ela é “insusceptível de ser conhecida ou pensada, que existe absolutamente sem qualquer determinação e da qual somente se pode saber que ela é, sem nunca se saber o que ela é, porquanto o único enunciado que dela se pode estabelecer consiste em afirmar, com Plotino, que ela é o que é – ou com o Deus do Antigo Testamento: Eu sou o que sou”.         
      Pois se a limitarmos no como ela é, reduziríamos a divindade ao mundo ou o mundo a Deus. E isto faria com que este perdesse a Sua dimensão, e vastidão. Destruiríamos a “questão” de Ele ser infinitamente mais, pois O demilitaríamos a conhecimento do nosso eu-pessoal. Isso é totalmente fora de questão.
       Então “Deus não é o ser pessoal que o homem piedoso idealiza espontânea e arbitrariamente na oração, na qual Deus se torna para ele um Tu, um Juiz, um Legislador, um Pai. Não há dúvida de que é duro reduzir o Deus pessoal ao seu ser de cifra. No entanto, não há outro caminho a seguir uma vez que o abismo da Transcendência é demasiado profundo para poder ser sondado. Temos que fazer de Deus um Dasein análogo ao nosso, reduzindo assim a divindade ao mundo ou o mundo a Deus”.
        Dentro desta concepção o Deus pessoal do cristianismo é inviável, pois isso seria limitá-Lo ao nosso conhecimento limitado e falho.
Deus é muito mais, portanto é impossível, segundo Jaspers, colocá-lo em parâmetros humanos; bem como de através da oração entrarmos em contato com Ele , uma vez que Este se comunica através de cifras. E estas se diferem de uma pessoa para outra, quer dizer, o Deus que concebo e creio não é, e não pode ser o mesmo Deus que concebe e crê meu amigo, pois ambos têm percepções e ‘Daseins’ diferentes.
        Logo não posso ‘construir’ uma definição de Deus universal por causa dessa pluralidade de visões e percepções humanas e pela finitude dessas.
       Também porque Deus como o transcendente é infinitamente mais, e como tal, afirmo Sua existência – Ele é – mas, não O conheço pois em minha existência não consigo conceber uma ‘existência tão superior a minha’ , daí o conceito de Deus ser o transcendente; sendo então impessoal e não conhecível.
                Bibliografia
* Wikipédia, a enciclopédia livre
*GIORDIANI, Mario Curtis – Iniciação ao Existencialismo – Livraria Freitas Bastos, São Paulo , 1976.
*JOLIVET, Régis – As Doutrinas Existencialistas – Livraria Tavares Martins, Porto, 1961.
*PENZO, Giorgio e GILBERTINI, Rosino – Deus na Filosofia do Século XX – Ed. Loyola, São Paulo, 1998.
*JASPERS, Karl – Introdução ao Pensamento Filosófico – Ed. Cultrix, 1965.
 *JASPERS, Karl – A Situação Espiritual do Nosso Tempo – Ed.            , 1964.
JASPERS, Karl – A Fé Filosófica – Ed. Losada S.A , Buenos Aires, 1953.


                          León Chestov, foi um filósofo existencialista, certamente, é um dos filósofos contemporbâneos menos conhecido. Foi filósofo e escritor “radical”; um ardente místico, inimigo implacável da filosofia especulativa, da ciência, da razão e da moral. Seu principal pensamento permeia a questão da fé incondicional, e sua filosofia, toca o trágico e o absurdo se detendo em Deus, ou seja, Deus é o absurdo. Sua linha filosófica é identificada como religiosa.
León Chestov, na verdade se chamava Issaakovitch Chuartzsman, dito Lev Chestov, como normalmente é conhecido. Polemizado contra as pretensões da razão e da ciência, defendeu a idéia de uma fé incondicionada, levando ao extremo a oposição entre fé e razão traçada por Kierkgaard. Entretanto, não está de acordo no atinente às relações entre a moral e a religião kierkgaardiana.

                                                     A Fé Incondicional
         Um dos principais temas em Chestov, senão o principal, é a fé incondicionada. A fé na concepção de Chestov vê a Bíblia e o divino acima de tudo. A filosofia é especulativa. Mata a vida ao invés de desvendar o senso da vida. Inclusive, a vida é para razão um escândalo. Mas, não é a vida também uma filosofia? E a filosofia, vida?

       A questão é que a filosofia, na maioria das vezes, se porta como um olhar lançado para trás e que então desprovê o indivíduo da fé, ao que conclui que, com esta percepção, isto é, viver olhando para trás, é viver a vida sem a dimensão da fé. Portanto, olhar para frente e para o que está vindo, com um tom inclusive de atrevimento, é buscar o reino de Deus que só é alcançado, diz Chestov, com violência. Todavia, a sua principal preocupação é o alcance do reino de Deus, que as pretensões da razão e da ciência, em sua ótica, não consideram como é preciso, com prioridade.

      A fé conduz à vida, a ciência ao conhecimento, mas cabe ao ser escolher: árvore da vida ou árvore da ciência? – uma boa alusão ao Édem. “É preciso escolher entre Deus que nos põe de sobreaviso e a serpente que enaltece seus frutos”. Outrossim, a salvação reside na fé em Deus, e a terra prometida é para aquele que possui a fé. A verdade que a razão supõe ter não compreende Deus; antes, na sua tentativa de compreender Deus, aprisiona-o a conceitos que são limitados e em momento algum consegue exprimir a essência da realidade de Deus. É então, mediante ao desespero da razão que se dá a libertação, e o indivíduo passa do estado de impossibilitado de se abrir à fé, à vida e ao próprio Deus, ao estado de dimensão da fé.

      O desespero, na verdade, está na impossibilidade da compreensão de Deus, que não é mensurável, racional; antes, é inefável. Aquele que confia na razão, na ciência, enquanto potencial humano para se alcançar Deus, está condenado ao “nada”. Mas, o que deixa de depositar suas esperanças na razão, pode viver a fé que não necessita de se justificar a outrem senão a si mesmo.

   Chestov critica a filosofia especulativa e admite a filosofia existencialista. A propósito, leva ao extremo a oposição de Kiekergaard entre fé e razão. A filosofia existencialista, na sua concepção, está tão unida a fé, que aquela leva a efeito a obra desta e é o único meio de se ter uma nova dimensão, despega da filosofia especulativa.

     Conforme Chestov, a filosofia faz do europeu um exímio seguidor da serpente. A serpente, que só dispõe da árvore da ciência, faz com que esses, transformem suas visões em juízos, afastando-o da terra prometida, que em hipótese alguma existe para o homem que sabe.  Em outras palavras, ao ler-se as entrelinhas de seu pensamento, um conselho é oferecido: feliz é aquele que nada sabendo, permanece nada querendo saber.


 O Deus do Absurdo e da Liberdade
       Pensamento de Chestov sobre Deus

          Chestov, como filósofo existencialista, afirmava que todas as decisões do homem são   somente por ele tomadas. A existência precede a essência, ou seja, os fatos ou realizações da vida não são fruto de pré-estabelecimentos ideais ou divinos. O homem de hoje é fruto de suas decisões passadas, podendo desfrutar de plena liberdade de escolha. Porém, essa liberdade pode estar ameaçada pela própria racionalidade humana, a partir do momento que ele é impedido de projetar-se ao Absurdo. Vê-se o Absurdo como o ilógico e indecifrável. Afirmar a existência de uma realidade extra-racional é afirmar o Absurdo. Logo, Deus é o absurdo e aquele que não o reconhece é escravo da razão. O homem livre é aquele que se projeta a Deus.

         Entretanto, o projetar-se a Deus não consiste na busca de melhor compreendê-lo ou classificá-lo, mas aceitá-lo como Absurdo. “No termo das suas apaixonadas análises, Chestov descobre o Absurdo fundamental de toda existência, não diz “eis o Absurdo”, mas “eis Deus”: é nele que se deve confiar, mesmo que ele não corresponda a nenhuma das categorias racionais que se possa ter.

     Assim, buscar compreender Deus é tornar-se escravo dos limites da razão, negando-se a liberdade que há na aceitação do incognoscível. Daí se entender que a filosofia existencial é filosofia da vida, porque é filosofia do “único necessário”: Deus; enquanto que a filosofia especulativa escraviza o homem, na medida em que estabelece padrões, limites racionais na compreensão do mundo e do próprio Deus.

     O homem racional somente consegue segurança existencial diante das convicções lógicas, plausíveis. Ele possui a necessidade da racionalização de sua realidade. O homem da fé está convicto da impossibilidade de se compreender Deus, e é diante dessa impossibilidade que ele se projeta a Deus pela fé. Deus é contraditório e incompreensível, mas está na medida em que o seu rosto é mais indescritível que mais se afirma seu poder. A sua grandeza é a sua inconseqüência ou não previsibilidade, ou seja, para que o homem mergulhe em Deus, mister se faz a irracionalização de Deus. Para Chestov a aceitação do Absurdo é contemporânea ao próprio Absurdo: Deus.

     Existe uma oposição entre a verdade de Deus, que consiste na plena contemplação do não racional, e a verdade filosófica, escravizada pela razão. Daqui a polêmica de Chestov contra os imperativos da moral e pretensões da razão. O Absurdo da fé não pode viver com a “necessidade” racional nem com os “tu deves” da moral. Ou o homem depende totalmente de Deus e se liberta da escravidão do saber e do pecado; ou o homem depende da razão e, neste caso, está perdido para Deus e para a liberdade: ou a liberdade ou o saber, ou a razão ou a fé.

   Deus é incomensurável com as verdades racionais, com o bem e com o mal dos juízos morais. O homem da razão é o homem privado de si, privado de seus direitos particulares. “Ele não passa de uma coisa ou um acontecimento dentre as outras coisas ou acontecimentos da natureza, uma pedra dotada de consciência, e não homem vivente”. Depois que os homem estenderam as mãos para a árvore da ciência, perderam para sempre a liberdade, que é essência da vida.

      Ao se observar o olhar sobre teólogos mais ou menos notáveis, nota-se que não há alguém que, nas “aspirações ávidas”, não tenha sido influenciado pela razão kantiana – essa concupiscência invisível que provocou a queda do homem, ninguém viu nela o potencial de levar o homem à escravidão e à morte. Muito ao contrário: é tão grande o medo do homem diante da liberdade proclamada pela Escritura e diante do divino ilimitado, que prefere submeter-se a qualquer princípio, fazer-se escravo que qualquer força antes que se ver privado de um guia seguro.

      Deus não obriga ninguém a nada: esta idéia parece insuportável. Mas a idéia de que Deus não está ligado por nada, absolutamente por nada, parece pura loucura. Se o próprio Deus é o Absurdo e projetar-se a ele é alcançar a liberdade, porque se distanciar dessa concepção existencial, estabelecendo leis morais, afirmadas como divinas, e racionalizando a forma de se apreender toda a realidade?

     E aí está a noção de pecado para Chestov. Deus criou toda a natureza e criou o homem como seu mordomo. As leis de sobrevivência já estavam definidas, cabendo ao homem tomar todas as decisões plausíveis à sua liberdade. Porém, este homem afastou-se de Deus quando se submeteu aos limites da razão humana, ou seja, conheceu da árvore da ciência do bem e do mal. O homem, na soberba de sua ciência, buscou abarcar toda realidade criada e não criada aos limites de sua compreensão, distanciando-se da essência de Deus, somente alcançada pela aceitação do irracional, do Absurdo.
Portanto, é na aceitação do Absurdo que se conhece a verdade verdadeira, dom divino da inocência e não privilégio do saber orgulhoso. É através da fé, da aceitação do Absurdo à razão, que se pode experimentar da árvore da vida e da liberdade.




                             Gabriel Marcel:  nasceu em Paris em 1889. Foi autor e crítico teatral além de filósofo. Ele próprio designa seu pensamento como neo-socrático ou socrático-cristão. Aceitou certa feita ser chamado de existencialista cristão. Toma clara posição, em seu Diário Metafísico, contra o racionalismo rejeitando ao mesmo tempo o cientificismo que tenta explicar o homem como coisa e a teocracia que utiliza o homem como objeto. Seu pai, conselheiro de Estado e ministro da França em Estocolmo foi diretor de Belas Artes na Biblioteca Nacional, era católico e possuía um conceito severo de vida. A mãe de ascendência israelita faleceu quando Marcel estava com quatro anos. Foi criado com uma tia materna que se casou com seu pai. Esta madrasta educou-o na severa disciplina do protestantismo como meio de garantir uma convivência feliz entre as pessoas.

                          DEUS em GABRIEL MARCEL

       “Toda fé autêntica está enraizada no ser e no mistério”. O indivíduo só se realiza quando reafirma a transcendência de Deus e sua própria condição de criatura de Deus. A fé se converte então no ato ontológico mais significativo.
       Não existe o problema de Deus, isso implica em tratar Deus como objeto, como ausente. Não falamos de Deus, mas com Ele. Deus é presença absoluta. Deus só me pode ser dado como presença absoluta na adoração.
       Para Marcel crer é sentir-se como no interior de Deus. Contudo a relação ao Eu Creio com a divindade, não pode ser pensada, pois trataria o crente como sujeito e a divindade como objeto. Esta relação estaria contida em um ato de fé. Ato que supõe mais do que a subjetividade. O pensar em Deus é encarado como uma relação absolutamente incluída no ato de fé.
       Deus é o tu absoluto. O outro absoluto. E na fé, agora chamada invocação, eu construo a realidade do meu espírito, a minha realidade do sentir-me sendo no interior da divindade. Diz Marcel:  “Eu sou mais quanto mais Deus é para mim. A crença em Deus é um modo de ser e não opinião sobre a existência de uma pessoa”. Esta transformação, plenitude que sobrevem à invocação, esta participação no amor é o ser – a forma mais alta da realidade. Este ser fala a linguagem da intimidade, de ser possuído, da plenitude, da saborosa ligação, vínculo, afeto e comunhão.
      O Deus de Marcel não é objeto suscetível de demonstração objetiva (racionalismo) nem uma mera função (subjetivismo), mas o “Indemonstrável Absoluto”. O drama da existência humana é um encontro pessoal entre Deus e o eu e alterna entre o sim e o não, entre a fidelidade e a infidelidade, entre o amor e o ódio e ao homem é dado o poder único de decidir, afirmar ou negar. O dilema sempre persiste como a essência de sua liberdade.

BIBLIOGRAFIA
Wikipédia, a enciclopédia livre.
BATISTA, Mondim. Curso de Filosofia: os filósofos do ocidente. São Paulo, Paulinas, 1983.
GIORDANI, Mario Curtis. Iniciação ao existencialismo. Petrópolis, Vozes, 1997.
HUSMAN, Denis; VERGEZ, André. História dos Filósofos. 1982.
REALE, Giovanni; ANTÍSERI, Dario. História da Filosofia. São Paulo, Paulus, 1991.           

                                 Jean-Paul Charles Aymard Sartre;  foi um filósofo, escritor e crítico francês, conhecido como representante do existencialismo. Acreditava que os intelectuais têm de desempenhar um papel ativo na sociedade. Era um artista militante, e apoiou causas políticas de esquerda com a sua vida e a sua obra.
 Sua filosofia dizia que no caso humano (e só no caso humano) a existência precede a essência, pois o homem primeiro existe depois se define, enquanto todas as outras coisas são o que são, sem se definir, e por isso sem ter uma "essência" posterior à existência.

                                   DEUS EM SARTRE

       Em entrevista dada a Simone de Beauvoir em agosto/setembro de 1974, Sartre é por ela perguntado acerca da vida  além da morte, questionando o filósofo, se nunca houvera sido tocado por essa idéia ou pela  idéia de um princípio espiritual inerente ao ser humano. Ao que ele responde "Parece-me que sim , mas como um fato quase natural (...) Todo o futuro que imaginamos na consciência remete à consciência". Toda a questão aparece permeada pelo primado da subjetividade, do ser que se estabelece no nada da consciência.
    Seu ateísmo nascera a partir de um insight precoce, ainda na adolescência. Segundo Sartre, suas relações com Deus, que nunca se estabeleceram na perspectiva de sujeição ou de compreensão, não passavam de relações de boa vizinhança. Chega a declarar sua presença num certo dia em que ateara fogo na casa, como um olhar que eventualmente pousara sobre ele.
        Por volta dos seus doze anos, na cidade de La Rochelle, envolvido em situações corriqueiras da infância, subitamente lhe ocorreu o pensamento de que Deus não existia. Sartre afirma não saber exatamente de onde surgira tal idéia  ou como nele se instalara, mas o fato é que, a partir de então aquela pequena intuição o acompanharia, quase como uma certeza, "uma verdade que me surgira com evidência, sem nenhum pensamento prévio (...) um pensamento que intervém bruscamente, uma intuição que surge e determina a minha vida". Notável é também o fato de que um pensamento  surgido aos onze anos o levasse a nunca mais perguntar acerca desta questão.
        Sua ida para Paris, segundo ele, fortificou a sua posição efetuando a transição de um ateísmo idealista para um ateísmo materialista, para ele, quando dizia, "Deus não existe", se desfazia de uma idéia que estava no mundo, colocando em seu lugar um nada espiritual, era uma grande idéia sintética que desaparecia e que levaria Sartre a um pensamento diferente acerca do mundo. Para ele, "a ausência de Deus era visível em todos os lugares".
      Pensar o seu próprio ser, no mundo e fora dele, e o mundo sem Deus, parecia a Sartre um empreendimento novo, já que não se encontrava, na época da Escola Normal, a par dos escritos ateus, e uma vez que  "uma grande filosofia atéia, realmente atéia, não existia na filosofia. Era nessa direção que era preciso agora tentar trabalhar." Seu desejo era o de fazer uma filosofia do homem, num mundo material.
       O existencialismo ateu de Sartre é  afirmado por ele como estrutural e parte de sua constituição cultural. O problema de Deus atravessa toda a obra de Sartre, contudo mais em nível intelectual e teórico do que em nível de vivência. O ateísmo Sartre é efetivamente difundido em sua obra "O Ser e o Nada", em outros escritos como "Anotações para uma Moral", existe uma forte filosofia atéia , orgânica e muito bem exposta.  "Ainda na metade dos anos 70, Sartre dirá que  L'être et le néant ("O Ser e o Nada") continha uma exposição das razões de sua rejeição à existência de Deus: mas não eram aquelas as razões autênticas de seu ateísmo. O seu ateísmo (...) fora uma intuição de seus doze anos e não podia ser reduzida a uma discussão de teses filosóficas sobre a impossibilidade da existência de Deus".
      Em  A cerimônia do Adeus, Sartre apresenta Deus como um ser na direção do qual tende a realidade humana e que é ele mesmo o coração dessa realidade: Deus é a realidade humana como totalidade. Dessa nascente surge a idéia do nada espiritual, da idéia ausente. Influenciado por Feuerbach, Sartre afirma que "a alma humana é apenas o rastro imperfeito dos esse, nosse, velle perfeitos de Deus". Em suma, "o homem é o ser que projeta ser Deus". "Ser homem é tender a ser Deus: ou caso se prefira, o homem é fundamentalmente desejo de ser Deus"  A consciência é remetida não à inexistência de Deus, mas se ele pode ser realizado.
      Na verdade o ateísmo é uma relação com Deus, fruto de uma conversão filosófica, pois a própria crença em Deus é devida à condição humana e não aos condicionamentos histórico-sociais. Em acordo com Marx, Sartre afirma  o sentimento religioso como um álibi e uma fuga da própria condição humana, pois  para o homem existe sempre uma luta a travar  contra a ilusão transcendental  que é a relação com Deus. Invertendo o mito de Cristo, de um Deus que se sacrifica para que o homem viva, na verdade é o homem que perpetuamente se sacrifica em prol da existência de Deus. "Sacrifício inútil e prejudicial" 
   O existencialismo de Sartre conduz ao desespero, pois nele o ser humano encontra-se sozinho, abandonado, independente. Em Anotações para uma Moral Deus é a categoria para todas as alienações, é a hipótese de objetivação do homem.

A Imaginação


      Quando um objeto inerte é observado, sua forma, posição e cor podem ser percebidos, essa percepção revela uma existência passível de constatação que, entretanto independe do observador para existir, é o que Sartre chama de a existência em si. Uma existência que se dá de forma alheia às minhas “espontaneidades conscientes” trata-se de uma coisa, algo que não existe para si mesmo. Existir na posse da consciência da própria existência.
       Sartre no texto “A Imaginação” destaca a diferença  entre a existência como coisa e a existência como imagem. Há coisas que ao observarmos já o fazemos com uma lente que nos mostra não o que a coisa é, mas o que dela temos em nossa consciência. A transformação da imagem de uma coisa na própria coisa é chamada de “metafísica ingênua da imagem”.
        Em suma, a obra  “A Imaginação” discorre sobre o que é próprio da imaginação, o que faz parte de sua natureza e questiona o conceito de imagem. Apresenta as concepções de vários pensadores e psicólogos e conclui que imagem não é uma coisa mas um ato, ela trata-se da consciência de uma coisa e não da coisa em si mesma.

O Diabo e o Bom Deus

            “(...) Supliquei, pedi um sinal, enviei mensagens ao Céu: nenhuma resposta. O Céu ignora até o meu nome. Eu me perguntava, a cada minuto, o que eu poderia ser aos olhos de Deus. Agora, já sei a resposta: nada. Deus não me vê, Deus não me ouve, Deus não me conhece. Vês este vazio sobre nossas cabeças? É Deus. Vês esta brecha na porta? É Deus. Vês este buraco na terra? É Deus ainda. A ausência é Deus. O silêncio é Deus. Deus é a solidão dos homens. Eu estava sozinho: sozinho, decidi o Mal; sozinho inventei o Bem. Fui eu quem trapaceou, eu quem fez milagres, eu quem se acusa, agora, eu, somente, quem pode absolver-me. Eu, o homem. Se Deus existe, o homem nada é; se o homem existe... para onde vais? 
           Nesta peça teatral Sartre utiliza-se do diálogo que traduz-se num meio deveras interessante da transmissão de uma mensagem que é ao mesmo tempo crítica e realista. O texto traz consigo uma estória que provavelmente se dá na Idade Média, Alemanha. Período esse marcado por uma presença forte da Igreja Cristã (Católica) principalmente do clero, de militares, de uma pequena população urbana, de uma boa quantidade de campesinos, de pobres, de meretrizes, de profetas, anjos, demônios e, logicamente do Diabo e do Bom Deus.
        É por demais fascinante a maneira com que Sartre desenvolve sua peça bem como a precisão e inteligência com que coloca as frases dos personagens.
          Numa epítome é possível tornar explícita a questão de Deus bem como do Bom Diabo, ou melhor, do Diabo, do Bem e do Mal, da seguinte forma: tanto Deus quanto o Diabo nesta peça são sinônimos do poder para matar, ordenar, amar, roubar, legitimar, vingar etc. Nobres, religiosos, militares, pobres, doentes, marginalizados enfim, todos procuram se apoderar de Deus, que é o Bem, para defenderem os seus interesses e legitimarem suas ações. Contudo seus intentos e atos, parece que na maioria das vezes, são carregados de anseios particulares com vistas ao benefício próprio. Benefícios esses que favorecem o detentor de Deus–Bem, porém são maléficos (Diabo–Mal) para todos aqueles que sofrem para que um se beneficie. Vê-se portanto que Deus e Diabo não passam de conceitos criados a fim de legitimar o poder de uma(s) pessoa(s) sobre a(s) outra(s). (Exemplos: O Exército X luta com o Exército W, os dois assim o fazem em nome e para a glória de Deus; Vende-se indulgências para que um se salve (que é algo Bom – Deus) não vá para o inferno (O Mal–Diabo) e assim continue a fazer o seu Mal–Diabo de cada dia com aval de Deus–Bem, e o outro enriqueça por intermédio da barganha (O Mal–O Diabo) porém salve uma pobre alma do Inferno (O Mal–O Diabo); As pessoas tornam-se profetas de Deus– Bem muita vez para sua própria honra, O Diabo–O Mal). Sendo assim, o ser humano seria incapaz de viver somente com o Bem–Deus ou somente com o Mal–Diabo, ambos são necessários. Destarte, há como entender que apenas a presença única do Diabo–O Mal ou de Deus–Bem seria algo muito monótono, então é necessário os dois existirem para que o ser humano caminhe e tenha em quem jogar a culpa por seus fracassos e êxitos.

O Existencialismo é um Humanismo.

        Sartre defende o existencialismo contra os católicos afirmando que esta é uma doutrina que torna a vida humana possível graças a subjetividade humana. Sartre ainda especifica a diferenciação entre as duas escolas do existencialismo,  a dos existencialistas cristãos Jaspers  e Marcel e Heidegger e o próprio Sartre,  afirma que a única coisa que une estas duas correntes é que a existência precede a essência. Ou se preferir é necessário partir da subjetividade.
           O existencialismo ateu afirma que, se Deus não existe há pelo menos um ser no qual a existência precede a essência, um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito. Este ser é o homem, ou melhor, a realidade humana. Isto significa que, em primeira instância , o homem existe, surge no mundo e só posteriormente se define.
       O homem, tal como o existencialista o concebe, só não é passível  de uma definição porque, de início, não é nada; só posteriormente será alguma coisa e será aquilo que ele fizer de si mesmo. Assim, não existe natureza humana, já que não existe um Deus para concebê-la .
      O homem é aquilo que ele mesmo faz de si, é a isto que chamamos de subjetividade. Porém, se realmente a existência precede a essência, o homem é responsável pelo que é. Desse modo, o primeiro passo do existencialismo é de por todo o homem na posse do que ele é de submetê-lo à responsabilidade total de sua existência.             
         Ao afirmarmos que o homem se escolhe a si mesmo, queremos dizer que cada um de nós se escolhe, e também escolhe todos os homens.
O existencialista, pensa que é extremamente incômodo que Deus não exista, pois, junto com ele, desaparece toda e qualquer possibilidade de encontrar valores num céu inteligível; não pode mais existir nenhum bem a priori; já que não existe uma consciência infinita e perfeita para pensa-lo.
        Se Deus não existe, não encontramos, já prontos, valores ou ordens que possam legitimar a nossa conduta. Assim não teremos nem atras nem a frente nenhuma justificativa para nossa conduta . Estamos sós , sem desculpas. É o que posso expressar dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado, porque não se criou a si mesmo mas por estar livre no mundo  estamos condenados a ser livres.
O existencialista não pensara nunca, que o homem possa conseguir o auxilio de um sinal qualquer que o oriente no mundo, pois é o homem  quem decifra os sinais.

                 BIBLIOGRAFIA

Wikipédia, a enciclopédia livre.
[i] STRATHERN, Paul. Sartre em 90 minutos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1999. p. 9.
[ii] STRATHERN, Paul. Ibid., p. 13
[iii] STRATHERN, Paul. Ibid., p. 17
 STRATHERN, Paul. Ibid., p. 17
[v] STRATHERN, Paul. Ibid., p. 18
[vi] STRATHERN, Paul. Ibid., p. 18
[vii] STRATHERN, Paul. Ibid., p. 38 STRATHERN, Paul. Ibid., p. 38
[ix] STRATHERN, Paul. Ibid., p. 64.
[x] STRATHERN, Paul. Ibid., p.68
[xi] MOUTINHO, Luiz D. S. Sartre e o Existencialismo. São Paulo: Editora Moderna, etc.
[xii] BEAUVOIR, Simone de. A Cerimônia do Adeus e Entrevistas com Jean-Paul Sartre (Agosto/Setembro 1974). Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1982. p. 564.
[xiii] BEAUVOIR, Simone de. Ibid.. ,  p. 564.
[xiv] BEAUVOIR, Simone de. Ibid.. ,  p. 566.
[xv] BEAUVOIR, Simone de. Ibid.. ,  p. 567.
[xvi] INVITTO, Giovani. Jean-Paul Sartre (1905-1980). "Deus não existe": a indemonstrabilidade de uma certeza. In: PENZO, G. & GIBELLINI, Rossino (org.).Deus na Filosofia do Século XX. São Paulo: Edições Loyola, 1993. p. 409-420.
[xvii] INVITTO, Giovani. Ibid., p. 411
[xviii] INVITTO, Giovani. Ibid., p. 411-412.
[xix] INVITTO, Giovani. Ibid., p. 412.
20 Sartre, Jean Paul. A Imaginação. São Paulo, Abril Cultural, 1978, p.35 ( Os pensadores)
22  Sartre, Jean Paul. O Diabo e o Bom Deus: três atos e onze quadros, São Paulo, Difusão Européia do Livro, 1964, p. 222-223
  SARTRE, Jean Paul. O Existencialismo é um Humanismo.



                               

                                 Albert Camus  foi um escritor e filósofo francês nascido na Argélia. Na sua terra natal viveu sob o signo da guerra, fome e miséria, elementos que, aliados ao sol, formam alguns dos pilares que orientaram o desenvolvimento do pensamento do escritor.
          Embora muitas vezes citado como um proponente do existencialismo, a filosofia com a qual Camus foi associada durante sua própria vida, ele rejeitou esse rótulo particular. Em uma entrevista em 1945, Camus rejeitou qualquer associações ideológicas: "Não, eu não sou um existencialista . Sartre e eu estamos sempre surpreso ao ver os nossos nomes ligados ... ". Especificamente, seus pontos de vista contribuiu para o surgimento da filosofia conhecida como absurdo . Ele escreveu em seu ensaio " The Rebel "que toda a sua vida foi dedicada a se opor à filosofia do niilismo enquanto ainda mergulhar profundamente em liberdade individual.

 CONCEITO DE DEUS EM CAMUS
             Camus vai recusar a idéia de Deus, ele diz não aceitar a noção de um Deus cuja existência não teria nenhum assento na realidade sensível. Ele não faz nenhuma concessão a esse Deus que não intervém no problema do mal. Do problema do mal nasce o silêncio de Deus, e esse silêncio se moldará a noção dessa divindade. Camus não aceita que o assassinato de Abel não fosse impedido por Deus. Para ele, se Deus permite tudo, ele é responsável por tudo. Pior ainda, foi o próprio Deus que insuflou o homicídio no coração de Caim. Para Camus Deus é: “Uma divindade cruel e caprichosa, aquela que prefere, sem motivo convincente, o sacrifício de Abel àquele de Caim e que, por isso, provoca o primeiro assassinato”. Por isso, Camus não vai aceitar um Deus arbitrário em suas decisões. Camus tira a razão de Deus por motivos morais. Ele recusa duplamente a fé como recusa a injustiça e o privilégio. Deus, para Camus é visto como o pai da morte e o supremo escândalo. Mais tarde, Camus amenizará seu tom na denúncia de Deus, mas não deixará de fazê-la. O ser humano não é mais inocente e Deus não é mais o culpado de tudo. Ele temperará o arbítrio divino com o arbítrio humano, a criminosidade divina com a criminosidade humana. Mesmo assim, ele não deixará de ver o mal como um escândalo e Deus, com seu mutismo, longe e indiferente a tudo. Até o fim Camus se pergunta, porque Deus permite tudo? Porque ele permite que neste mundo crianças tenham fome, sofram e morram? Chavanes conta um episódio da sua vida. Em 1959, alguns meses antes de sua morte, Camus declarou ao pastor de Lourmarin e à sua esposa: Vocês os crentes, vocês são eleitos, é por isso que eu estarei sempre do lado dos outros. A esposa do pastor lhe respondeu: Os homens, muito freqüentemente, são decepcionantes, apenas Deus não o é. Após um instante de silêncio, Camus lhe perguntou: Você está segura disto?

          O problema do mal será questão central em todo o pensamento de Camus. De um deus considerado horroroso no Antigo Testamento, Camus verá como frustra a tentativa de eliminação do mal pelo cristianismo, pois este se mostrou uma religião que aceita paradoxalmente o assassinato de um inocente, Cristo. Camus fará um jogo contrário à doutrina cristã entre o Jesus divino e o Jesus humano dizendo que enquanto Jesus era visto como Deus, seu sofrimento na sua morte era a justificação do mal no mundo. Por isso sua aproximação com Marcião. Diz ele: só o sacrifício de um deus inocente poderia justificar a longa e universal tortura da inocência.Só o sofrimento de Deus, e o sofrimento mais desgraçado, podia aliviar a agonia dos homens. Se tudo mais, exceção, do céu a terra, está entregue à dor, uma estranha felicidade então é possível. Entretanto, Camus irá dizer que quando da critica da razão, o Jesus divino descoberto como homem e a medida em que a divindade do Cristo foi negada, a dor voltou a ser o quinhão dos homens, Jesus frustrado é apenas um inocente a mais, que, os representantes do Deus de Abraão torturaram de maneira espetacular. Esse falseamento da suficiência cristã para o problema do pecado ficou encoberta até o século XVIII. A partir daí se de um lado Camus diz que o pensamento libertino abriu espaço para a grande ofensiva contra o céu inimigo, para aqueles que descobriram e queriam se rebelar contra o mal que os assolava com suas próprias forças, mas que não podiam uma vez que a religião os vedava, de outro lado, os cristãos teimosos e cegos fizeram da história o ligar para resolver o problema do mal. Como diz Hanna: Mas se a perda do Cristo trouxe aos homens à face do mal, isso deixa os homens no mesmo estado de espírito de antes, porque eles sabem agora que a história é sua justificação, e está em suas mãos realizar a promessa que a história contém.

       Camus achava a palavra salvação demasiado grande, não há e nem mesmo é necessário salvação para o ser humano. Camus fala outro não, e desta vez é ao sobrenatural, pois não precisava dele, sabe de sua responsabilidade e dever sobre seu próprio destino, sabe da força e fraqueza que o habitam e não aceita qualquer interferência externa sobre o que diz respeito somente a ele. Para Camus a salvação não existe, ele afastou veementes as soluções fáceis propostas como remédios ao terror inspirado pela morte, seu campo vivencial é o mundo e liga-se a si mesmo no mundo e faz dele o seu reino. Camus amava mais a natureza do que a história. Acusou o cristianismo de dar lugar e valor privilegiado à história eliminando a relação de contemplação com a natureza mudando o seu eixo para um relacionamento de sujeição. A natureza é, para Camus, o lugar do prazer do corpo. Ela é sua mediação com o sagrado.

           A revolta é a atualização da vida, não se tem mais deus e tudo o que se tem é a vida dada gratuitamente e sem explicação. Nesta vida, é preciso se revoltar, pois pela revolta acabamos por nos conduzir num mundo perdido e com valores que mantenham ou mesmo animem nossa dignidade. A revolta é capaz de nos fazer transcender, a única transcendência de que Camus faz conta e é luta contra o absurdo, a única capaz de reivindicar clareza e ordem num universo que parece pouco razoável. A grandeza da revolta contra todo ataque à dignidade humano reside igualmente na afirmação implícita da transcendência do espírito humano, o único capaz de julgar em nome de uma justiça que somente ele pode conceber.

                       BIBLIOGRAFIA
Wikipédia, a enciclopédia livre
1 CAMUS, Albert; citado por: Material internet.2 BARRETO, Vicente. Camus: vida e obra. 2 ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 19, p. 14 (grifo meu).
3 CHAR, René citado por BARRETO, op. Cit. P. 209
4 BARRETO, op. Cit. P. 14
5 BARRETO, op. cit, p. 20-21.
6 Ibidem. p. 14
7 Ibidem. p. 10
9 Ibidem. p. 12-13
1 BARRETO, Vicente. Camus, vida e obra. 2ª. Ed., Paz e Terra. p. 13-14. 
2 MOUROIS, André. De Proust a Camus, vida e obra dos maiores escritores franceses do século XX. Rio de Janeiro, Editora Nova fronteira, 1965. p. 371.
3 GONZÁLEZ, Horácio. Albert Camus – a libertinagem do sol.  São Paulo, Editora Brasiliense, 1982. p. 77.
4 Idem.
5 Idem.
[1] CARVALHAES, Cláudio. Albert Camus e o Cristianismo. São Bernardo do Campo, UMESP, 1997.






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