domingo, 16 de outubro de 2011

A razoabilidade da fé

                                                               Apologético do Evangelho
                                                                      Pb. Joedson
                                                              
                           
                                                                 






          São Tomás            e         a          Escolástica  :


                                 
                                                 A razoabilidade da fé                 



 Frase do apologista Joedson: " Com a fé, eu creio em Deus e com a razão, eu provo minha fé "


           
           Crer é um ato tipicamente humano, informa o Catecismo (n. 154), pois não contraria nem a liberdade nem a inteligência do homem confiar em Deus e aderir às verdades por Ele reveladas. Não repugna ao entendimento humano aderir, pela fé, à revelação de Deus com o intelecto e a vontade. E, citando São Tomás, diz o Catecismo: "crer é um ato da inteligência que assente à verdade divina a mando da vontade movida por Deus através da graça" (S.T. II-II q.2 a.9). A fé, certamente, é dom de Deus, mas crer é ato humano que corresponde à dignidade da pessoa em sua inteireza: nossa vontade, nossa afetividade, nosso sentimento, bem como nosso desejo de salvação, intervêm e agem como complemento indispensável do crer. Em última análise, crer é um ato que depende do livre arbítrio humano e tende para Deus (S.T. II-II q.2 a.6). Assim, o Catecismo recoloca questões que foram caras ao período escolástico e, especialmente, a São Tomás de Aquino. 
              
             A Escolástica e a Civitas Christiana



Com a renascença carolíngia surgiram as escolas e universidades ligadas às catedrais e instituições católicas. O ensino denominado Escolástica era predominantemente filosófico e teológico e de sabor aristotélico. O confronto entre a fé cristã e a razão científica foi predominante em alguns períodos: do século IX ao século XII, buscou-se a harmonia entre fé e razão; do século XIII ao princípio do século XIV, surgiram sistemas filosóficos como, por exemplo, as obras de São Tomás de Aquino, que apresentaram soluções tidas como conclusivas sobre o tema; e do século XIV ao século XVI houve a decadência da Escolástica, com o acontecimento do humanismo e do renascimento, acentuando de novo, as diferenças fundamentais entre fé e razão. 


A Escolástica começou, de certo modo, com o fim da era Patrística no V/VI século, tendo sido, pois, um fenômeno especulativo do ocidente cristão, a chamada "civitas christiana". Foi quando a Sagrada Escritura e o discurso dos Padres da Igreja valeram como "autoridade", isto é, uma tese era válida porque sustentada pela Bíblia ou pelos  Padres. No medievo, já com Santo Agostinho, começou uma tentativa de atestar os argumentos não somente por "auctoritas", mas também por "redde rationem", isto é, por razões demonstráveis. A passagem da Patrística à Escolástica se deu gradualmente desde o final do século V até seu auge, nos séculos XII e XIII. As universidades, nesse período, foram lugares onde se começou a ter uma visão universal das coisas, onde a razão se firmava sempre mais. Pode-se, também, dizer que a universidade passou a ser, até certo ponto, uma afirmação da laicidade, uma vez que permitiu a autonomia das ciências.


Do Aristóteles islâmico ao Aristóteles tomista
Avicena (Ibn Sina, 980-1037) e Averróis (Inn Roshd, 1126-1198), enamorados das obras de Aristóteles, traduziram e favoreceram a difusão do mesmo à luz do Corão, sem, no entanto, islamizar a obra de Aristóteles nem estruturar um Islã aristotelizado. São Tomás, ao tomar contato com os textos clássicos gregos descobertos pelos árabes, entendeu que no mundo islâmico havia uma capacidade intelectual e cognoscitiva ampla, colocando-se a exigência de repensar um cristianismo capaz de confrontar-se, dialeticamente, com um mundo filosófica e racionalmente avançado. A aventura intelectual de  Tomás iniciou-se em Paris, onde teve como mestre Alberto Magno (1220-1280). Este sustentou a autoridade (auctoritas) com a qual se identificou a teologia de Santo Agostinho, a astrologia de Tolomeu, a medicina de Galeno e a filosofia de Aristóteles (2) . Por meio de  Alberto Magno, São Tomás (1225-1274) compreendeu que Aristóteles era mestre inimitável em filosofia, surgindo, então, uma síntese entre fé (Teologia) e aristotelismo (Ciência), elaborada pelo próprio Aquinate. A principal tarefa da Escolástica, pois, era colocar a razão a serviço da verdade de fé. Ela devia contrastar as teses heréticas e convencer os ateus da existência de Deus pela via racional e não só pela via espiritual ou mística. Para tanto, a Escolástica serviu-se de sistemas filosóficos, especialmente do aristotelismo, para demonstrar que a verdade do dogma e da fé não podia ser negada pela razão.


As duas ordens
Essencialmente, a relação entre fé e razão foi interpretada segundo duas teses principais. A primeira dizia respeito a  Agostinho, o qual falava de compensação entre as duas, sustentando que a razão por si só não podia descobrir toda a verdade. Exemplo disso é o pensamento de Dante, quando diz: "louco é quem espera que a nossa razão possa transcorrer a via infinita que tem uma substância em três pessoas" (Purgatório, III 34). A segunda diretriz era, ao contrário, aquela sustentada por Tomás de Aquino o qual individuava as possíveis verdades e os âmbitos explicativos próprios da razão.


Foi nesse contexto que  Anselmo lançou o desafio da fé que ia em busca da inteligência sem o auxílio da autoridade da Sagrada Escritura e dos  Padres. São famosas, por exemplo, as demonstrações sobre a existência de Deus só com argumentos racionais, as chamadas "provas ontológicas". O ponto de partida da prova exposta no Proslogion é uma definição de Deus sobre a qual estão de acordo tanto o crente quanto o não-crente. Ambos entendem com a palavra "Deus" algo sobre o qual não se pode pensar nada maior que ele. Segundo  Anselmo, pensar sobre Deus já é uma prova ontológica da sua existência.


Da fé à razão
A fé fora entendida como adesão incondicional às verdades reveladas por Deus aos homens, especialmente aquelas verdades essenciais ao homem e que dizem respeito à sua salvação (3) . Nesse sentido, podia afirmar Ambrósio (340-397): "Toda verdade, dita por quem quer que seja, é do Espírito Santo". Desse modo, a investigação científica não poderia contrariar as verdades estabelecidas pela fé. Aos filósofos, de fato, cabia demonstrar racionalmente as verdades da fé, as quais já estavam dadas, reveladas que foram pelo próprio Deus. Não se tratava, pois de buscar a verdade, mas de explicitá-las (S.T. I q.1, a.5, ad 2). A razão ajudava a fé, isto é, preparava o caminho do coração e da mente humana para a aceitação dos mistérios divinos somente acessíveis pela fé, pois o ato de fé é um ato interior e é próprio de quem crer, cogitar com assentimento (S.T. II-II q.2, a.1)  4. 


A razão humana, inteligível em si mesma, iluminada pela luz natural, teve reconhecida sua independência quanto aos pressupostos religiosos. Porém, tanto a razão quanto a natureza foram harmonizadas e encontraram seu pleno cumprimento na fé e na graça (gratia naturam perficit). Segundo Tomás de Aquino - contra Averrois - a verdade é uma só, tanto para a razão quanto para a fé. Algumas verdades, como por exemplo, a existência de Deus, infinitamente perfeito, a espiritualidade e imortalidade da alma são verdades racionais e verdades de fé ao mesmo tempo. Desse modo, Tomás de Aquino confiou à teologia natural a tarefa de demonstrar, filosoficamente, as verdades da razão, que representam os pressupostos da fé (preambula fidei). Esse espaço dado à razão significou o acolhimento da filosofia aristotélica na cena da cultura ocidental, como um dado novo, diferente do platonismo, tradicional aliado da teologia. Categorias aristotélicas como potência e ato, matéria e forma, substância e acidente, intelecto ativo e passivo, foram repensadas de modo original numa verdadeira síntese cristã.


Do soteriológico ao noético
O axioma agostiniano "entende, para que creias, crê, para que entendas" (Ergo, intellige, ut credas, crede, ut intelligas. Ep. 120) marcou por séculos o pensamento cristão tendo, inclusive, influenciado o concílio de Orange (529) que, contra interpretações semipelagianas, frisa que o initium fidei ocorre, necessariamente, sob a graça e não com a capacidade humana.


A Escolástica voltou-se, no entanto, para a interpretação especulativa da inteligência da fé. Ainda que a reflexão se pautasse, preponderantemente, por autoridade da Sagrada Escritura e das sentenças patrísticas, mudou, sobretudo a partir da redescoberta dos escritos de Aristóteles, a temática e a maneira de propor as questões no trabalho teológico. Anselmo de Cantuária, por exemplo, que ainda seguia, com a fórmula fides quaerens intellectum, o programa agostiniano, lhe imprimiu, todavia, acento escolástico. Ele queria provar com a razão que Deus é aquilo que a fé cristã dele afirma, cabendo assim à fé conteúdo de verdade. Anselmo tentou, com isso, esclarecer o conteúdo da fé e encontrar razões necessárias. Abelardo e Hugo de  Vítor, da mesma forma, trataram da fé e do saber, da fé e da vontade. Através de todos os sistemas, a fé permanecia considerada como participação graciosa no conhecer de Deus. Ela possibilita ao homem realizar o seu destino, uma vez que dirige ôntica e eticamente a intenção dos atos humanos. Mas o ponto forte da reflexão desviou-se do foco soteriológico para o noético. Por um lado, era preciso fundamentar a autonomia, a certeza e a qualidade própria irredutível da fé com relação à filosofia natural, e, por outro, a fé agora se inscrevia na escala aristotélica dos assentimentos, ficando exposta ao perigo de determinação heterogênea. O ponto alto da Teologia Escolástica da fé é constituído pelo tratado da fé de  Tomás de Aquino, que sintetizou o que foi elaborado pelos seus antecessores, exercendo, por outro lado, grande influência em seus pósteros.


Da antinomia à harmonia
O assunto da relação entre fé e razão esteve presente desde os primeiros tempos do cristianismo. A questão era saber se com o surgimento da fé com seu tesouro de infalibilidade e verdade, daquela verdade que de fato produz a salvação, a razão conservava ainda qualquer utilidade ou se tornava um perigo para o crente. Para esse problema, mesmo antes de  Tomás de Aquino, foram estabelecidas pelos pensadores cristãos e árabes, três soluções: antinomia, estranheza e harmonia. 


A tese da antinomia tinha encontrado o favor dos primeiros Padres da Igreja (Taciano e Tertuliano), os quais viam na Filosofia um perigoso inimigo do cristianismo e desencorajavam os cristãos a favorecer-se da razão humana quando estavam de posse da verdade, graças ao ensinamento do Mestre divino.


A tese da estranheza pertencia a Averróis e seus discípulos, com a teoria da dupla verdade: fé e razão não se ocupavam da mesma verdade, mas de verdades diferentes, estranhas uma a outra. Logo, não há por que colocar-se o problema de conciliar ou harmonizar a verdade.


A terceira solução, da harmonia, já proposta por alguns Padres do século III (Justino, Clemente, Orígenes) se tornou doutrina comum da Patrística e da Escolástica. Segundo essa solução, em linha de princípio, não podia haver conflito entre fé e razão, porquanto a fé não faz outra coisa que consolidar, integrar, enriquecer o horizonte da verdade já acessível à razão. Fé e razão são dois canais que provêm da mesma fonte: Deus; são duas forças noéticas que trabalham para o mesmo objetivo: a posse da verdade.


 Tomás de Aquino foi quem deu a formulação mais clara, precisa e rigorosa da teoria da harmonia. Seu mérito, no entanto, não se reduz a isso. Foi preciso combater o averroísmo e superar a concepção agostiniana e anselmiana da relação entre fé e razão. Tornou-se necessário, por isso mesmo, reformular a doutrina para salvaguardar os direitos da razão e a autonomia da busca filosófica, harmonizando-a com a Teologia.


Tomás de Aquino
 Tomás de Aquino, em sua fala-sobre-Deus, literalmente compreendida como Teologia, fez prevalecer a reflexão em torno do homem, mas do homem enquanto existente de Deus e para Deus. O existir-para-Deus mostra-se como desejo natural interno (desiderium naturale) de contemplar o próprio ente, no qual se funda tudo o que existe e que está intimamente e sempre presente diretamente em todo ser criado (S.T. I, q.8, a.1-4). Deus revela sua grandeza, concedendo às coisas o seu próprio existir e o seu próprio agir. Assim, também, na fé em sua relação com a razão: Deus não impede às causas naturais que suas atividades sejam naturais, como também não impede, ao mover as causas livres, que suas ações sejam livres; aliás, faz com que isto nelas se realize (S.T. I q.83, a.1 ad 3).


A distinção das duas ordens
Em torno da questão da relação entre Filosofia e Teologia, ciência e fé, razão e revelação, e mais precisamente em torno do problema da função da razão no âmbito da fé,  Tomás de Aquino ofereceu uma clara distinção entre as duas ordens. Com base no sistema aristotélico, foi eliminada a doutrina da iluminação de Agostinho e, em seu lugar, surgiu a consciência do que é conhecimento e demonstração racional, ciência e filosofia: é um procedimento lógico de princípios evidentes que leva a conclusões inteligíveis. E compreendeu-se que não é possível demonstração racional em matéria de fé, onde os princípios não são evidentes, mas transcendentes à razão, situados, portanto, em nível do Mistério. Conforme o sistema tomista, a razão não é estranha à fé, porquanto procede da mesma verdade eterna. E, com relação à fé, deve a razão desempenhar os seguintes papéis: demonstrar a fé não com argumentos intrínsecos, de evidência, o que é impossível, mas com argumentos extrínsecos, de credibilidade: profecias e milagres, que garantem a autenticidade divina da Revelação; demonstrar, também, a não irracionalidade do Mistério, mediante argumentos prováveis. 


 Tomás de Aquino não opôs, como fez o averroísmo, razão e fé, mas distinguiu-as e as harmonizou (5). Nasceu, então, uma unidade dialética profunda entre a razão e a fé da determinação tomista do conceito metafísico de natureza humana, o que tornou possível a averiguação das reais e efetivas vulnerabilidades da natureza humana; tais vulnerabilidades são filosófica e racionalmente inexplicáveis, demandando, por conseguinte, a Revelação e, precisamente, os dogmas do pecado original e da redenção pela cruz. 


Conhecimento natural e conhecimento sobrenatural
À fé pertence a verdade baseada na autoridade da revelação divina, na qual acreditava toda a Escolástica, enquanto doutrina ajustada com a Igreja. Não é, pois, um conhecimento pela evidência intrínseca. Para Tomás de Aquino, o conhecimento se faz pela presença do objeto, presença que se pode revelar extrinsecamente pela via de uma afirmação de autoridade, ou se revelar intrinsecamente pela manifestação direta do mesmo objeto. A fé e a razão podem coincidir no objeto, não no modo de descobri-lo. 


Assim, a teologia natural trata de Deus pela via da razão e a teologia sobrenatural pela via do que foi revelado. Coincidem no gênero, divergem na espécie. Uma vez colocada a ratio da teologia apenas sobre a autoridade de quem revela, Tomás pôde afirmar: "toda ciência procede de princípios por si evidentes, ao passo que procede a doutrina sagrada dos artigos da fé, inevidentes em si..." (S.T. I, q.2, a.2,9). "Cumpre saber que há dois gêneros de ciência: um parte de princípios conhecidos à luz natural do intelecto, outro provém de princípios conhecidos por ciência superior... Desse modo, é ciência a doutrina sagrada, pois deriva de princípios conhecidos à luz de uma ciência superior, a saber, a de Deus e dos Santos" (S.T. I, q.1, a.2, c).


Conhecimento e verdade
À razão do homem, isto é, ao conhecimento racional, compete um domínio vasto de conhecimentos: existência de Deus, atributos de Deus, a criação de Deus, a sua providência, a existência da alma, da imortalidade, existência da idéia ética... São todas verdades naturais que podem ser conhecidas pela razão. Assim, pela razão, pode-se chegar à existência de Deus.


Quanto ao conhecimento teológico que deriva da Revelação, Tomás dizia que não é pela fé que se conhece a Deus, mas pela razão. À fé compete a revelação da verdade superior (a verdade primeira): o mistério da Trindade, o mistério da encarnação de Deus em Jesus de Nazaré, isto é, o dogma da fé. Assim ensina  Tomás: pela razão podemos saber que existe um Deus, mas não podemos saber que é trino; isso sabemos pela fé na revelação. Pela razão podemos conhecer as verdades éticas, a imortalidade da alma, mas não podemos conhecer que Deus se fez carne em Jesus de Nazaré: isso só pode ser dito pela fé.


A essa verdade atingível somente pela fé,  Tomás deu o nome de verdade supra-racional, a qual não pode ser demonstrada racionalmente; isso não quer dizer que seja irracional, mas que são superiores àquilo que o homem pode racionalmente pensar. Mais exatamente pode-se dizer que as verdades de fé não são nem irracionais nem racionais, são razoáveis; a razão pode acolhê-la não em contraste consigo mesma, mesmo que não possa percebê-la integralmente ou captar com seus instrumentos.


A verdade primeira: a fé e seu objeto
Dionísio informa que a fé visa à verdade simples e sempre existente. Para  Tomás, por isso mesmo, considerando a razão formal do objeto, a fé é a verdade primeira; pois a fé não dá o seu assentimento a alguma coisa, a não ser que seja revelada por Deus; ela se apóia, portanto, na verdade divina como meio. Nada está sob a fé, senão enquanto ordenado para Deus (S.T. II-II q.1, a.1, ad 3). A fé não pode se enganar, ela não comporta a falsidade(6) . Diz  Tomás: "Sob a verdade primeira não há falsidade. A verdade é o bem do intelecto e não o bem da potência apetitiva, pois, todas as virtudes que aperfeiçoam o intelecto excluem totalmente o falso porque é da essência da virtude referir-se somente ao bem" (S.T. II-II q.1, a.3).


O objeto da nossa fé é Deus em Cristo; o que pertence essencialmente à fé são aquelas coisas de que gozaremos: a visão da vida eterna e o que a ela nos conduz. Ora duas realidades nos são propostas a ver: a divindade, que nos estava velada e cuja visão nos torna felizes, e o mistério da humanidade de Cristo, pelo qual temos acesso à glória dos filhos de Deus, cf. João: "a vida eterna consiste em que te conheçam a ti, verdadeiro e único Deus, e a Jesus Cristo, teu enviado". Por isso, entre as verdades a crer, é preciso distinguir as que dizem respeito à majestade divina e as que pertencem ao mistério da humanidade de Cristo (S.T. II-II q.1 a.8).


Pertence essencialmente ao objeto da fé aquilo pelo qual o homem alcança a bem-aventurança. O caminho para chegar à bem-aventurança é o mistério da encarnação e paixão de Cristo. Como diz em Atos: "não foi dado aos homens outro nome pelo qual possamos ser salvos" (At 4,12). Depois do pecado, o mistério do Cristo foi crido explicitamente não só quanto à encarnação, mas também quanto à paixão e ressurreição, pelas quais o gênero humano foi libertado do pecado e da morte (S.T. II-II q.2 a.7).


Não se pode, do mesmo modo, crer explicitamente no mistério de Cristo, sem a fé na Trindade, pois esse mistério implica a encarnação do Filho de Deus, que renovou o mundo pela força do Espírito Santo e que foi concebido pelo mesmo Espírito Santo (S.T. II-II q.2 a.8).


Da autoridade da fé à autonomia das ciências
Assim discursou  Tomás sobre a autoridade:


Muitíssimo próprio a esta doutrina é o argumentar pela autoridade, sendo-lhe os princípios obtidos por revelação; pelo que é mister acreditar na autoridade daqueles a quem a revelação foi feita... Nem isso derroga a dignidade de tal doutrina, pois, embora fragílima a autoridade fundada na razão humana, eficacíssima é, contudo, a que assenta na revelação divina (S.T. I, q.1, a.8, ad.2). 


Para Tomás, fé e razão eram procedimentos cognoscitivos diferentes: a razão acolhia uma verdade por força de sua evidência intrínseca, mediata ou imediata; a fé, porém, aceitava uma verdade em base à autoridade da Palavra de Deus. Por isso, deram-se dois tipos diversos de saber: aquele filosófico e aquele teológico; "dupla é a ordem das ciências: algumas procedem de princípios conhecidos mediante a luz natural da razão... outras procedem de princípios conhecidos mediante a luz de uma ciência superior, como a Teologia" (S.T. I, q.1, a.2). Nas mesmas coisas que dizem respeito a Deus, registra-se uma dupla ordem de verdade:

Existem algumas verdades que superam toda a capacidade da razão humana, como a Trindade junto com a Unidade de Deus; outras podemos alcançá-las com a razão natural, como a existência de Deus, a sua unidade e igual verdade, que também os filósofos demonstram apenas com a luz da razão natural (S.Contra Gent. I, c. 3).


Com essa distinção metodológica entre saber filosófico e científico de uma parte e saber teológico de outra parte e a implícita afirmação da autonomia da Filosofia no confronto da Teologia,  Tomás iniciou o processo de secularização do saber humano, contribuindo para o desenvolvimento das ciências experimentais e das ciências humanas.


Não era estranho a Tomás que os dois tipos de saber atinentes à mesma verdade, como a Filosofia e a Teologia, pudessem entrar em conflito, mas estava convencido que se tratava de conflitos acidentais e superáveis. Em primeiro lugar, porque Deus é a fonte primigênia de toda verdade, seja da fé, seja da razão. Em segundo lugar, porque os princípios radicados naturalmente na razão são tão verdadeiros que não é possível serem pensados como falsos; nem de outra parte é lícito pensar a fé como falsa, já que foi confirmada por Deus como evidente. Por isso, é impossível que a verdade de fé seja contrária àqueles princípios que a razão conhece naturalmente (S. Contra Gent. I, c.7). 


Mesmo reconhecendo a autonomia da razão no estudo das coisas naturais e uma sua certa competência na esfera religiosa, Tomás excluiu que ela estivesse em grado de, por si só, penetrar nos mistérios de Deus, que, no entanto, é seu último bem. E aquelas ditas "verdades religiosas" que por si mesmas a razão estaria em grado de obter, de fato são concedidas só a poucos privilegiados de atingi-la, e o caminho que conduz a isso não é isento de erros. Por todos esses motivos é sumamente conveniente que Deus próprio venha em socorro da religião com a Revelação.


Da necessidade da fé e da conveniência da razão
Sobre a necessidade da fé e a conveniência da Revelação,  Tomás se deteve em muitas obras, aduzindo substancialmente os mesmos argumentos. Uma das exposições mais lúcidas e mais sintéticas é aquela do seu Comentário ao De Trinitate, de Boecio que, dada a brevidade do texto, vale a pena referir a ele integralmente:

Se para o conhecimento de alguma verdade divina - escreve  Tomás - puder atingir também o intelecto humano durante a vida presente só com a força da razão para adquirir verdadeira ciência, todavia ocorre a fé pelos cinco motivos adotados por Maimonides, quais sejam:


1) Pela profundidade e sutileza do objeto, para o qual as realidades divinas são ocultadas ao nosso intelecto. Ora, para que o homem não fosse completamente desprovido de todo conhecimento de tal realidade, foi provido que o conheça ao menos mediante a fé;


2) Pela fraqueza que subjaz ao intelecto humano no início. De fato, isso atinge a perfeição somente ao fim; mas para que não aconteça nunca de estar privado do conhecimento de Deus, ocorre a fé mediante a qual perceba a realidade divina desde o início;


3) Pela quantidade dos precedentes que ocorrem para chegar ao conhecimento de Deus mediante a razão. Exige-se, de fato, um saber universal, porque o conhecimento de Deus está no fim de tudo. Ora, são bem poucos aqueles que estão em grado de chegar até esse ponto. Portanto, o conhecimento de Deus vem ministrado pela fé, a fim de que a maior parte dos homens não fiquem privados;


4) Porque muitos, dada a sua constituição física, são incapazes de atingir um perfeito conhecimento mediante a razão, conseguindo apenas mediante a fé. Por isso, a fim de que não fiquem privados, lhes é concedida a fé;


5) Para as muitas ocupações às quais os homens devem acudir. Isso faz com que para muitos se torne impossível adquirir de Deus a ciência necessária, mediante a razão; por isso é colocada à sua disposição a via da fé, a fim de que aquelas coisas que para alguns são conhecidas, para outros sejam cridas (De Trin., lect. I, q.1, a.1; S.T. II-II, q.2, a.4; De Ver., q.14, a.10).


Não é somente a fé que é de válida ajuda à razão. A seu modo e com os seus meios, também a razão pode fazer algo de importante para a fé e, de fato, segundo  Tomás, a razão pode oferecer à fé um triplo serviço: demonstrar os preâmbulos da fé; explicar mediante analogias as verdades da fé; refutar as objeções que se levantam contra a fé (De Trin., Proem. Q. 2, a. 3).


A fé nos aproxima do mistério
 Tomás sustentou que a fé católica não pode ser absolutamente demonstrada, tratando-se de mistérios que são percebidos apenas graças à revelação divina, mas pode ser defendida contra quem não a aceita, demonstrando a perfeita coerência com as premissas da razão natural que todos admitem. Ao citar 1Pd 3,15 (antes, santificai a Cristo, o Senhor, em vossos corações, estando sempre prontos a dar razão da vossa esperança a todo aquele que vô-la pede), São Tomás ensinou que a fé não é provada, mas mostrada na sua racionalidade em relação às verdades naturais; o que significa "dar razão da fé" (rationem fidei ostendere). Assim, afirmou São Tomás: "Pois quando procede da suma verdade não pode ser falso, não pode nem mesmo ser impugnado aquilo que falso não é. Como a nossa fé não pode ser provada com argumentos reflexivos que ultrapassem os poderes da razão humana, analogamente não pode ser recusada com os mesmos argumentos por causa da sua verdade. Por isso, aquilo que o apologeta cristão deve propor com respeito aos artigos da fé não é a demonstração, mas sim a defesa da fé. De fato, São Pedro não disse: estejam prontos à demonstração, mas à satisfação, de modo que resulta que não é falso aquilo que a fé católica professa" (De Rat. Fidei, Contr. Saracenos, Graecos et Armenos, c. 2, n. 956).


 Tomás não é somente o grande teórico da doutrina da harmonia entre fé e razão, mas é também o seu máximo realizador. Toda a sua vastíssima construção teológica é um magnífico espetáculo de harmonia entre quanto vem oferecido ao homem pela maravilhosa luz da divina revelação e quanto o homem consegue atingir com a luz da razão. De uma parte, São Tomás atribuiu ao ser humano uma tal abertura verso Deus, graças a sua capacitas infiniti, a ponto de propor-lhe Deus mesmo como fim último da sua existência natural, objeto supremo da contemplação do amor; e fala de um desejo natural de conhecer plenamente a verdade primeira e de uma fé implícita na divina revelação. De outra parte, São Tomás é verdadeiramente arguto na sua insistente busca dos motivos de conveniência (necessitas) em toda verdade de fé e em todos os grandes mistérios que dizem respeito seja à Santíssima Trindade, seja ao Verbo Encarnado. Ao fim da suas penetrantes e lúcidas considerações tem-se a impressão de que desaparece completamente aquele abismo que separa fé e razão e que os mistérios se tornam necessários e evidentes, tanto é notória a sua racionalidade.


O suporte teórico que em São Tomás assegura uma extraordinária solidez à teoria da harmonia entre fé e razão é duplo: a filosofia do ser e o princípio da analogia. Com a sua filosofia do ser (ontologia) ele pôde afirmar que também o sobrenatural, propriamente dito, pertence ao domínio do ser, caso contrário seria um não-ser, isto é, nada. Assim, por exemplo, graças ao primado do ser do qual a causa única é Deus, São Tomás não encontrou dificuldade de explicar a possibilidade da transubstanciação no mistério eucarístico: "Por força de um agente infinito, que opera sobre todo o ente, tal conversão é possível; porque para ambas as formas e para ambas as matérias é comum a natureza de ente; e o autor do ente pode mudar a entidade de uma na entidade de outra, eliminando aquilo que distinguia uma da outra (S.T. III q.75, a.4, ad 3). Graças ao princípio da analogia, São Tomás pôde explicar tranquilamente toda a gramática conceitual da metafísica aristotélica e da sua filosofia do ser também na esfera sobrenatural.


A fé cristã é uma fé eclesial
A Igreja é unida pela fé e a fé edifica a Igreja. Segundo São Tomás, a Igreja é feita de fiéis, pessoas concretas, e por elas está unida (Ecclesia per fidem unitur). O dito de São Tomás relembra o de Santo Agostinho, quando disse: "Somos um porque acreditamos" (In Jo Ev. tr 110,2). A fé dos fiéis assegura a unanimidade exterior e interior da Igreja e a une no cumprimento da sua missão. A unanimidade criada pela fé é também visível na profissão de fé, na celebração dos sacramentos e na prática da caridade. Não existe, pois, um crente individual que não seja um crente com, na e por meio da Igreja. A esse respeito, São Tomás já afirmava que na oração do Credo toda a Igreja está presente e confessa a própria fé quase ex persona totius Ecclesiae (S.T. II-II q.1 a.9, ad 3) 7. São Tomás disse mais: A fé da Igreja é uma fé formada, isto é, estruturada num credo, num corpo de doutrina, experimentada, vivida e testemunhada. Assim, a profissão de fé é transmitida no Símbolo Apostólico em nome de toda a Igreja. O Símbolo transmite a confissão de fé como convém à fé formada para que, havendo fiéis que não a possuam, esforcem-se por alcançá-la (S.T. II-II q.1 a.9, ad.3). 


Tentativas de separação: dois exemplos
No curso do século XII, abriu-se a disputa entre racionalistas e empiristas, com os primeiros sustentando que a verdade era alcançada somente através do intelecto e argumentações abstratas, e os demais, que afirmavam que para se chegar à verdade universal, se devia observar a realidade das coisas do mundo por meio do estudo e da prova empírica (Bacon). A definitiva separação entre fé e ciência foi atingida com Guilherme de Ockham, o qual afirmava que a ciência era resultado da experiência sensível, conhecida pelo homem, ao passo que a fé, derivada da experiência espiritual, não podia pertencer à racionalidade humana.


Rogério Bacon 


Para Bacon (1210-1294), o verdadeiro saber não dependia mais da auctoritas, isto é, daquilo que fora dito no passado ou que se tornara senso comum, mas da pesquisa e observação direta dos fenômenos naturais. Privilegiava, também, a ciência experimental, porque somente através dela seríamos capazes de alcançar a certeza plena e a confirmação dos fatos. Sem a ciência, informava ele, não é possível conhecer nada de modo adequado. Havia, para Bacon, uma experiência externa obtida pelos sentidos, e uma experiência interna, que não era outra coisa senão a iluminação proveniente de Deus: a fé.


Guilherme de Ockham 


Afirmou Ockham (1280-1349), em seu empirismo, que pelas verdades teológicas o intelecto humano não poderá jamais ter conhecimento intuitivo de Deus, conhecimento natural e nem mesmo conhecimento abstrato. Somente através da revelação é possível apreender os atributos de Deus. Pode-se tentar chegar a Deus pela via filosófica, mas os artigos de fé não são demonstráveis; se assim fosse, a revelação teria sido inútil. Para Ockham, só a fé pode levar a Deus. A conseqüência desse raciocínio fideístico é que a Teologia não pode ser ciência e que a razão e a fé são separadas e não têm possibilidade de convergir. Cada uma age na sua autonomia própria (8) .


São Tomás ponderou que chegamos à revelação de modo mediato, isto é, que de um intermediário humano, racional, é que recebemos a verdade da fé (S.T. II-II q.a.1 c.). Essa palavra exterior é também palavra de Deus, derivada que é da revelação primeira (De Verit. Q. 18 a. 3 ad 2). A graça age internamente e convida a crer na mensagem proposta (S.T. II-II q.2 a.9, ad 3). Dois, portanto, são os apelos que ressoam: um exterior, pela voz do pregador e com o concurso da razão; o outro, interior, que não é senão uma inspiração do Espírito pelo qual o coração do homem é impelido a dar o seu assentimento ao objeto da fé... apelo que é necessário, pois nosso coração não se voltaria para Deus se o próprio Deus não o atraísse a si (In Rm. C. 8, lect. 6).


Conclusão 


Tomás de Aquino não acreditava numa separação irreconciliável entre aquilo que nos diz a fé cristã, de um lado, e a razão, de outro. No entanto, para ele, a fé não está em pé de igualdade com a razão, mas está acima dela. E a primeira é mais necessária que a segunda, pois os homens precisam crer antes de arrazoar. Embora as verdades racionais sejam autônomas, buscá-las será principalmente uma questão de revelação. É ela, a fé, que aponta a Verdade Primeira, e para ela se sente atraída. Portanto, à medida que esses princípios religiosos podem receber um tratamento racional, podemos argumentar a favor dos mesmos. Quanto ao resto, deve ser somente objeto de revelação. Mesmo quando se pede ajuda à razão, será ainda a revelação que se firmará como critério último e definitivo de verdade no conhecimento (9).


A fé ambiciona compreender. Tomás ensina que a Teologia, embora seja exercício da fé que busca sua inteligência e onde a razão tem lugar assegurado, é, sobretudo, experiência de Deus. Para o pensar teológico, de nada vale uma razão potente e soberba que não reconheça a Fonte de onde emana todo saber e toda verdade. 


Na esteira de São Tomás, tantos outros pensadores pensaram com fé e pensaram a fé. Albert Einstein afirmava: "a religião sem a ciência estaria cega, e a ciência sem a religião estaria coxa". Newton também dizia: "há um ser inteligente e poderoso que governa todas as coisas, não como a alma do mundo, mas como Senhor do Universo, e, por causa do seu domínio é chamado Senhor Deus, Pantocrator". Werner K. Heisenberg (Mecânica quântica) diz: "Creio que Deus existe e que dEle procede tudo. A ordem e a harmonia das partículas atômicas têm que ter sido impostas por alguém". Max Planck (teoria dos quanta): "Em todos os lugares e por mais longe que dirijamos o nosso olhar, não somente não encontramos nenhuma contradição entre a religião e a ciência, mas precisamente um pleno acordo nos pontos decisivos". Von Braun (tecnologia de foguetes): "Quanto mais compreendemos a complexidade da estrutura atômica, a natureza da vida ou a estrutura das galáxias, mais encontramos novas razões para nos enchermos de admiração perante os esplendores da Criação divina". Pascal:

Prefiro errar crendo num Deus que não existe, a errar não crendo num Deus que existe... pois, se depois não há nada, evidentemente nunca o saberei, quando me afundar no nada eterno; mas se existe alguma coisa, se existe Alguém, terei que prestar contas da minha atitude de rejeição .


Não basta, pois, a razão para que uma sociedade seja justa, solidária e equilibrada. Para que haja equilíbrio na pessoa e na sociedade, é preciso atender, com a razão, à vontade e à sensibilidade. A pessoa e a sociedade devem ter por objetivo procurar o bem, a verdade e a beleza; e isso significa falar de vontade, inteligência e sentimentos... E aí, a verdadeira fé é um guia insubstituível.


O homem que tem fé poderá, é certo, sentir-se ameaçado pela incredulidade, mas não poderá negar, de modo terminante, que a fé seja verdadeira. O ateu e o agnóstico sempre se sentirão acossados pela dúvida de saber se a fé não será real. Ninguém pode subtrair-se a esse dilema humano. Só quando se rejeita a fé é que se percebe que a fé é irrejeitável. A fé ajuda a viver com coerência de vida, sem que essas tensões tenham de causar frustração ou ruptura.


Hoje, com certeza, deseja-se chegar a uma "razão aberta ao mistério". Entre fé e razão há pois um relacionamento como que circular, essencial à vida do espírito.  uma harmonia fundamental entre o conhecimento filosófico e o conhecimento da fé: a fé requer que seu objeto seja compreendido com a ajuda da razão; por sua vez, a razão, no apogeu de sua indagação, admite como necessário aquilo que a fé apresenta. Enfim, ao desassombro da fé deve corresponder a audácia da razão.

                       Referências Bibliográficas


AGUILÓ, Alfonso. É razoável crer? São Paulo: Quadrante, 2006.
AQUINO, Tomás de. Suma Teológica. São Paulo: Loyola, 2004.
BARTH, Karl. Credo. São Paulo: Novo Século, 2003.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Edição Típica Vaticana. São Paulo: Loyola, 2000.
COSTA, José Silveira. Tomás de Aquino, a razão a serviço da fé. São Paulo: Moderna, 1993.
FEINER, Johannes e VISCHER, Lukas. O Novo Livro da Fé: a fé cristã comum. Petrópolis: Vozes, 1976.
JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Fides et Ratio. São Paulo: Loyola, 1998.
LAUND, Jean. Sete Conferências sobre Tomás de Aquino. São Paulo: ESDC, 2006.
LIBANIO, João Batista. Crer num mundo de muitas crenças e pouca libertação. Valencia: Siquem, 2001.

                                   

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Testemunhas de Jeová "um erro de interpretação"

                                                              Apologético do Evangelho
                                                                       Pb. Joedson
                                                              
       Documentário:           
                    
                           Testemunhas de Jeová "um erro de interpretação" 
   
                                 








Fundador:Charles Taze Russell foi um estudante das escrituras sagradas (Bíblia. Juntamente com um grupo de estudiosos da bíblia organizou uma associação chamada "Estudantes Internacionais da Bíblia" (desde1931, chamadas de Testemunhas de Jeová).
Em fevereiro de 1881, foi co-fundador da Sociedade Torre de Vigia de Sião e seu secretário-tesoureiro. Era então o presidente da Sociedade Torre de Vigia, William H. Conley. A15 de Dezembro de 1884, obtêm personalidade jurídica, e Charles Russell torna-se seu presidente. Sucedeu-lhe na presidência,Joseph Franklin Rutherford.




     O movimento religioso conhecido como Testemunhas de Jeová é uma religião cristã, em que seus adeptos seguem Jesus Cristo e adoram exclusivamente a Jeová. Seus praticantes ultrapassam a média de seis milhões e setecentos mil, além de um grande número de simpatizantes. 
     O nome “Testemunhas de Jeová” apoia-se em um trecho bíblico no qual Jeová pede aos fiéis que sejam suas testemunhas e que preguem suas doutrinas. 
Os membros do movimento surgiram por volta de 1870 na Pensilvânia, Estados Unidos, a partir dos ensinamentos de Charles Russel. 
    Charles Russel recebeu os ensinamentos de uma família evangélica tradicional, porém inconformado com alguns ensinamentos, como a existência do inferno e do castigo eterno, formou um grupo de estudos independente, originando um movimento à parte. Posteriormente, elegeu-se como seu “pastor”, obtendo o apoio de dois adventistas: Geoge Stetson e George Storrs. 
      Não existe hierarquia entre as Testemunhas de Jeová. Todos os fiéis possuem funções semelhantes, evangelizando de casa em casa e nas ruas. Outra maneira utilizada para propagação das “boas-novas do reino” são as reuniões realizadas semanalmente nos salões do Reino. 
     As Testemunhas de Jeová acreditam que a Bíblia é a palavra de Deus, tendo-a como base para suas crenças. O Novo Testamento é chamado de Escrituras Gregas Cristãs e o Velho Testamento, de Escrituras Hebraicas. 
    Consideram os 66 livros que compõem a Bíblia, interpretando-a de forma literal, salvo quando as expressões ou o contexto revelam que o sentido é figurado ou simbólico.
                               
              
               15 erros de interpretações das Testemunhas de Jeová

         Os ensinamentos claros e cristalinos da Palavra de Deus não dão lugar a que se abrace as doutrinas das Testemunhas de Jeová após um estudo bíblico completo. Os ensinamentos básicos dessa seita estão em conflito com as Escrituras. Quinze dos seus erros doutrinários excepcionais foram abaixo relacionados e constituem razões sólidas para que ninguém se filie às Testemunhas se quiser continuar apegado a verdade divina.

      
           1.  As Testemunhas DE JEOVÁ NEGAM A DIVINDADE ABSOLUTA E SINGULAR DE JESUS CRISTO.
              As Escrituras demonstram que o Senhor Jesus Cristo é Jeová.
Isaías 41:4, 44:6, e 48:12 declaram que o atributo de ser o "primeiro e último" pertence a Jeová somente. Apocalipse 1:7-8,11,17 e 22:13-14 apresentam Jesus Cristo com exatamente esse mesmo atributo, fazendo dEle, portanto, Jesus Cristo, o Jeová dessas passagens, e de todo o Velho Testamento.
Isaías 45:22-25 fala de uma adoração universal, que um dia toda a humanidade prestará a Jeová. Filipenses 2:9-11 aplica esta passagem de Isaías a Jesus Cristo.
Isaías 44:22-23 apresenta Jeová como Redentor. Efésios 1:7 estabelece Jesus Cristo como esse Redentor.
Em Isaías 45:24 e 54:17 Jeová é a nossa justiça. Em 1 Coríntios 1:30 Jesus Cristo é a nossa justiça.
Isaías 43:11 reserva a Jeová somente a obra da salvação do homem: "Fora de mim não há Salvador." Tito 2:13 ensina que Jesus Cristo é o Salvador, estabelecendo-O, portanto, como o Jeová de Isaías, capítulo 43.
O estudante honesto das Escrituras há de ler, estudar e comparar os versículos acima apresentados.
            2.  As Testemunhas DE JEOVÁ ENSINAM QUE JESUS CRISTO É UM SER CRIADO - SIMPLESMENTE UM OUTRO DEUS.
Este erro doutrinário foi criado pelas Testemunhas de Jeová através de sua estúria Tradução "Novo Mundo". que apresenta João 1:1 da seguinte maneira: "E o verbo era um deus". Isaías nega este erro enfaticamente em 43:10, 44:6 e 45:5,12, e prova que sua tradução de João 1:1 é ilegítima. Quatro vezes Jeová declara a impossibilidade de haver "um outro deus" ou "um deus"além dEle mesmo. Qualquer estudante honesto das Escrituras deve reconhecer a exclusividade única de Jeová.
           3.  As Testemunhas DE JEOVÁ NEGAM A PERSONALIDADE E DIVINDADE DO ESPÍRITO SANTO.
Das muitas referências bíblicas que demonstram que isto não é verdade, João 16:13-14 é a principal. Oito vezes o Senhor Jesus se refere ao Espírito Santo usando o pronome pessoal masculino "ELE". A palavra grega "ESPÍRITO" é neutra mas o pronome empregado não é neutro mas masculino. Cristo estava teologicamente certo nisto, reconhecendo a personalidade do Espírito. Se o Espírito Santo não fosse uma pessoa, o pronome neutro é que seria usado e a gramática da passagem ficaria intacta. Jesus Cristo, o Filho de Deus, JAMAIS COMETEU UM ERRO.
Até a própria tradução "Novo Mundo" das Testemunhas reconhece a personalidade do Espírito na tradução desses dois versículos. A divindade do Espírito Santo está claramente demonstrada nas referências abaixo que o estudante honesto deve estudar com todo o cuidado: Atos 5:3-4, 1 Coríntios 3:16, 2 Coríntios 13:14. Em 1 Coríntios 12:4-6 o Espírito Santo é chamado de Senhor, v. 5, e Deus, v. 6. Ao colocar Isaías 6:8-10 junto a Atos 28:25-27, toma-se evidente que o Deus de Isaías 6 é o Espírito Santo.
           4.  As Testemunhas DE JEOVÁ NEGAM A DOUTRINA BÍBLICA DA TRINDADE.
Embora a verdade da Trindade seja considerada divertida pelas Testemunhas, ela não obstante constitui parte da revelação de Deus. O estudante da Bíblia descobre que há uma Pessoa nas Escrituras, conhecida como Pai, que é Deus, Efésios 1:2. Há uma outra Pessoa nas Escrituras, chamada de Filho, Jesus Cristo, e que é Deus, Tito 2:13. Há ainda uma outra Pessoa chamada de Espírito Santo, que é Deus também, Atos 5:3-4. A palavra grega theos, "Deus". foi usada em relação a todas essas três Pessoas, concedendo assim a mesma divindade a cada uma delas. O estudante cuidadoso também nota o fato da Trindade em, Isaías 48:17, 28:19, 2 Coríntios 13:14. A conclusão é simplesmente que há um só Deus manifesto nas três Pessoas conhecidas como Pai, Filho e Espírito Santo e, considerando que cada uma dessas Pessoas é Deus, elas são iguais.
          5.  As Testemunhas DE JEOVÁ NEGAM A RESSURREIÇÀO FÍSICA E CORPORAL DE JESUS CRISTO.
A sua falsa doutrina declara: "O homem Jesus está morto, só o Seu espírito ressuscitou." O testemunho de Jesus Cristo é completamente diferente, Lucas 24:36-45. Mesmo um exame superficial do v. 39 desfaz qualquer dúvida referente à ressurreição corpórea. Tomé encontrou-se com o Cristo fisicamente ressuscitado, João 20:24-29, como também os outros discípulos que comeram peixe com Ele, João 21:12-14. Paulo testifica a ressurreição física de Jesus Cristo em 1 Coríntios 15:3-19. Os guardas junto à sepultura. os principais dos sacerdotes e o Sinédrio jamais teriam ficados, em Mateus 28:11,15, se "apenas o Seu espírito ressuscitasse".
         6.  As Testemunhas DE JEOVÁ NEGAM A VOLTA FÍSICA E VISÍVEL DE JESUS CRISTO.
Eles dizem: "Não devemos esperar que Ele torne a voltar como um ser humano". A volta fica mais adequadamente traduzida por presença e se refere à presença invisível do Senhor. Contrastando com isso, o estudante da Bíblia descobre que a verdade é que JESUS CRISTO VAI VOLTAR novamente, física e literalmente. Em Apocalipse 1:7, "todo o olho o verá". Em 1 Tessalonicenses 4:16-17, "o Senhor mesmo...descerá dos céus" E em Atos 1:10-11, "assim virá do modo como o vistes subir". O testemunho dessas passagens é irrefutável.
        7.  As Testemunhas DE JEOVÁ NEGAM A PRESENÇA DO CRENTE COM CRISTO APÓS A MORTE.
De acordo com 2 Coríntios 5:8, Filipenses 1:21-24 e Lucas 16:20-22, o crente, imediatamente após a morte, passa para a presença de Cristo. O corpo fica no solo, João 11:11-14, aguardando a ressurreição, 1 Coríntios 15:20-23, enquanto a alma e o espírito, agora separados do corpo, Tiago 2:16, entram no céu.
        8.  As Testemunhas DE JEOVÁ REPROVAM A ESPERANÇA QUE O CRENTE TEM DE IR PARA O CÉU.
João 14:1-3, Filipenses 3:20-21, 1 Pedro 1:3-5 e Apocalipse 3:12 são apenas algumas das muitas passagens bíblicas que falam da "esperança viva" de estar com Cristo para sempre.
        9.  As Testemunhas DE JEOVÁ NEGAM A REALIDADE E ETERNIDADE DO CASTIGO FUTURO.
As Escrituras falam da realidade do inferno. O Senhor Jesus Cristo falou mais do inferno do que do céu e nos informou que o inferno é uma fornalha de fogo, Mateus 13:49-50, um lugar preparado para Satanás e os seus emissários, Mateus 25:41, de fogo que não se extingue, Marcos 9:42-48. Além disso, Ele insistiu no fato do inferno ser eterno. A palavra grega aionios,que traduz "aquilo que não tem fim". e que foi usada para descrever a vida eterna mencionada em João 3:16, e a eternidade de Deus em Romanos 16:26, foi deliberadamente usada por Cristo para descrever a duração do inferno, Mateus 18:8, e por João, em Apocalipse 14:11. Aioniosnão tem um significado duplo. Se ela quer dizer que Deus é eterno e a vida que o crente recebe é eterna, então deve significar que o inferno também é eterno.
        10.  As Testemunhas DE JEOVÁ NEGAM A SALVAÇÃO PERFEITA DA CRUZ DE CRISTO.
Sem qualquer justificativa bíblica, as Testemunhas ensinam que o Milênio, os mil anos do reino de Cristo na terra, proporcionará a toda a humanidade, desde Adão em adiante, que ressuscitará, uma oportunidade, sob condições favoráveis, de receber a salvação eterna. Onde encontrar um único versículo bíblico que apoie tal coisa? O Senhor Jesus Cristo comprou nossa salvação na Cruz, Romanos 3:21-26, e resta ao homem crer e ser salvo, Efésios 2:8-9 e Atos 16:30-31. A salvação é totalmente a parte de qualquer esforço humano, Romanos 3:27-28.
        11.  As Testemunhas DE JEOVÁ NEGAM O PATRIOTISMO E A CONTINÊNCIA À BANDEIRA.
As Escrituras ordenam aos crentes a serem cidadãos leais. O estudante cuidadoso verá isto em Romanos 13:1-7, 1 Pedro 2:13-15 e Mateus 22:21.
        12.  As Testemunhas DE JEOVÁ ESTÃO CONFUSOS QUANTO AOS 144.000.
Através de boas obras e esforço sincero uma Testemunha de Jeová tem esperança de se tornar um membro do grupo dos 144.000. Nos dois capítulos em que foram mencionados os 144.000, Apocalipse 7 e 14, o estudante das Escrituras nota que os 144.000 são, realmente; Judeus das tribos, sem gentios entre eles, 7:4-8, são todos homens, 14:4, servirão durante a Grande Tribulação, 14:6-13, e não receberão a sua posição mediante obras mas serão designados por Deus, 7:3. Por mais que se force a imaginação. nenhuma interpretação bíblica aceitável pode garantir a essa seita gentia posição entre os 144.000.
        13.  As Testemunhas DE JEOVÁ USAM UMA TRADUÇÃO DETURPADA DA BÍBLIA.
A Tradução "Novo Mundo" das Escrituras Gregas Cristãs é uma tradução desajeitada do Novo Testamento, que não tem nenhuma reputação entre os mestres do grego. A tradução foi alterada para se encaixar na heresia. Por exemplo. a palavra allos. "outro". não aparece no texto grego de Colossenses 1:16-17, mas foi inserida quatro vezes em sua tradução para que Cristo apareça ser parte da criação e, desse modo, se encaixe em sua doutrina que afirma ser Ele um filho criado, um outro deus. "?.porque por meio dEle todas as coisas foram criadas". Esta e dezenas de outras passagens tornam a tradução "Novo Mundo" em uma caricatura da Palavra de Deus.
        14.  As Testemunhas DE JEOVÁ TEM UM SISTEMA DOUTRINÁRIO QUE SE BASEIA NAS INTERPRETAÇÕES DE CHARLES TAZE RUSSEL.
Em 1874. um camiseiro do Brooklyn, chamado Charles Taze Russel, anunciou que era dono da verdade. Em suas muitas obras Russel "não deixou quase nenhuma grande verdade ou doutrina fundamental não tocada com suas conclusões heréticas e injustificadas". Dr. Win. E. Biederwolf. Conforme um cuidadoso estudo pode revelar, as obras de Russel servem de base fundamental para a estrutura das Testemunhas de Jeová. Atualmente as Testemunhas de Jeová estão seguindo as conclusões falidas de um patife que se divorciou de sua esposa, teve problemas com os tribunais e que enganou seus seguidores vendendo-lhes "trigo milagroso" a preço exorbitante, o qual ele proclamava que produzia 15 vezes mais do que o trigo comum.
        15.  AS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ NEGLIGENCIAM A VASTA ÁREA DE VERDADES BÍBLICAS.
Uma análise cuidadosa dos diversos livros, panfletos, e revistas editados pela Torre de Vigia revela que apenas uma pequena porcentagem Bíblica foi por eles usada. Eles não citam mais de 7% das Escrituras, deixando o restante da Palavra de Deus não mencionada.